Pedro Nuno introduziu o tema: "Registar o facto de um país com a nossa dimensão ter dois políticos em altos cargos." Montenegro reiterou o apoio e Ventura atirou: "Outro primeiro-ministro coraria de vergonha com o seu apoio a Costa", numa referência a Passos Coelho
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Já terminou o segundo debate quinzenal de Luís Montenegro que fica marcado pelos temas da Justiça (com o acordo entre Governo e PS para avançar com alterações), pela escolha de António Costa para o Conselho Europeu e pela troca de palavras entre o primeiro-ministro e o líder do Chega.
Logo a abrir o debate, Luís Montenegro insistiu na crítica ao estado das contas do país, repetindo que "os cofres não estão cheios" e responsabilizou PS e Chega pelo reflexo que medidas como a redução de IRS ou a abolição de algumas portagens pode ter nas finanças nacionais.
"Se o Governo, caso o projeto saído do Parlamento seja promulgado pelo Presidente da República, fará birra e não vai cumprir aquilo que tinha dito que era fazer repercutir a baixa de IRS já em 2024. Os portugueses não querem saber se a proposta, no fim, teve mais a intervenção do PS ou mais a intervenção do PSD", desafiou Pedro Nuno Santos, sem resposta de Luís Montenegro que apenas afirmou que, se o PS não quisesse governar a partir da Assembleia da República, “apresentava ao Governo recomendações e não iniciativas legislativas com força de lei".
O tom de maior acordo entre os dois maiores partidos viria a seguir, com o desafio de Pedro Nuno Santos para um trabalho conjunto para resolver os problemas concretos da Justiça, como a violação do segredo e a divulgação de escutas: "O PS está disponível para fazer esse trabalho”, garantiu.
Luís Montenegro reiterou que o Governo está disponível para "aprofundar as regras do direito penal e do direito processual penal”, porque "o país precisa de confiar na Justiça".
"Para confiar na Justiça é preciso que haja investigação, mas que as investigações não sejam eternas. Também concordo consigo. Há prazos que hoje são apenas indicativos e que têm que começar a ser perentórios”, detalhou o primeiro-ministro.
A mesma sintonia ocorreu com Montenegro a subscrever a saudação de Pedro Nuno Santos perante a escolha do antigo primeiro-ministro António Costa para liderar o Conselho Europeu: "Eu considero que António Costa é mesmo o melhor socialista daqueles que estão com condições de ser candidatos à presidência do Conselho Europeu para o exercício daquela função em concreto. Não é só por ser português, é pelas suas próprias características," sublinhou o primeiro-ministro.
Este consenso provocou uma acesa troca de palavras entre o primeiro-ministro e André Ventura que considerou que há dirigentes do PSD que "corariam de vergonha" com apoio de Montenegro a Costa. Antes, o primeiro-ministro tinha feito referência ao passado do líder do Chega no PSD, considerando que "a maior expressão do oportunismo político" de Ventura é criticar o Governo, mas querer integrá-lo.
"Depois de tudo o que disse de mim e do meu partido, a sua vontade era estar aqui ao meu lado na bancada do Governo", ironizou Luís Montenegro. Na resposta, Ventura apontou alto: "Eu não estou aqui para estar ao seu lado, estou aqui para estar no seu lugar de primeiro-ministro." E se, antes, Montenegro tinha feito referência a quem "estava atrás dele com bandeiras", numa alusão a Ventura, o líder do Chega clarificou: "Não era só atrás de si, era atrás de outro primeiro-ministro que coraria de vergonha com o seu apoio a António Costa hoje em dia."