Juventudes Partidárias e o 25 de Abril: os valores que se mantêm e os que ainda faltam cumprir
Em comum, as Juventudes Partidárias ouvidas pela TSF falam na ideia de que a democracia ainda não conseguiu assegurar qualidade de vida.
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Quais os valores de Abril que se mantêm até hoje? Cinquenta anos depois do 25 de Abril, ainda falta garantir que a democracia gera qualidade de vida, responde aos novos desafios e conquista aqueles que se sentem longe da decisão política. A leitura é das Juventudes Partidárias ouvidas pela TSF.
Entre o que está cumprido e o que está por concretizar, Alexandre Poço, líder da JSD, coloca o direito à habitação, saúde e educação como áreas onde ainda há caminho para percorrer. É preciso aproximar Portugal dos “países mais prósperos da União Europeia”.
“É preciso ter acesso às escolas, a um Serviço Nacional de Saúde que garanta proteção à doença, acesso à habitação, acesso à riqueza, melhores salários. Aquilo que mais falta a Portugal é desenvolver-se. Ainda estamos muito longe dos países mais prósperos da União Europeia e é para isso que temos de almejar.“
Miguel Costa Matos, secretário-geral da Juventude Socialista, olha para os desafios colocados pela guerra, pela pandemia e pelo clima, que podem colocar o valor da proteção acima das liberdades individuais. E defende ser necessário criar “um sistema público de pensões” para que seja assegurado que “todos os que contribuem, recebam”.
“Criar um sistema público de pensões que assegura que todos contribuem e recebem. É a lógica da sociedade. Atualmente, os valores da liberdade e segurança estão em conflito, o que parece evidente com tantas emergências sanitárias, climáticas e de defesa. Estas são áreas onde a proteção das pessoas tem de ser colocada como prioridade.”
Rita Matias, da Juventude do Chega, considera que a liberdade ainda não está totalmente garantida, porque nem todos têm acesso aos centros de decisão. Por isso mesmo, defende que é preciso “rasgar o valor do socialismo” e, acima de tudo, tornar Portugal num país de “equidade e livre”.
“Abdicava do caminho para o socialismo. Ao longo dos últimos 50 anos, algumas elites toraram-se crustáceos do poder, apoderando-se das principais instituições, utilizando-as em seu proveito próprio e marginalizando o acesso do cidadão comum à participação ativa. Por isso, rasgava o valor do socialismo e igualdade na miséria. É preciso um Portugal de equidade e livre.”
Francisco Camacho, líder da juventude Popular, considera que o mundo mudou e que hoje as ”liberdades individuais" são ameaçadas pelo advento do digital.
“Quando chegamos aos 50 anos do 25 de Abril vemos que os pressupostos mudaram. As liberdades individuais são ameaçadas pelo advento do mundo digital que apaga as as linhas das esferas do domínio privado e do público. Hoje a liberdade é ameaçada pelos poderes das grandes plataformas.”
Gonçalo Veiga, da Juventude Comunista, considera que os valores de Abril estão bem vivos. “Nas últimas duas semanas, vimos a juventude nas ruas a exigir a concretização dos valores: os estudantes do Ensino Superior a dizer que Abril era futuro, que queriam o fim da propina, mais bolsas, um ensino público. Vemos as mulheres a pedir um aprofundar dos direitos, no plano sexual e reprodutivo, igualdade na vida e no trabalho. Os jovens trabalhadores que querem combater a precariedade, para ser possível viver e não sobreviver. Aqui está a prova que nos 50 anos do 25 de Abril há esperança numa vida melhor.”
