Lacerda Sales no Parlamento: "Não estou disponível para ser bode expiatório de um caso político"
O ex-secretário de Estado Adjunto e da Saúde está a ser ouvido em comissão parlamentar sobre o caso das gémeas
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O ex-governante António Lacerda Sales alegou esta segunda-feira, no Parlamento, que o processo judicial em curso obriga-o a remeter-se ao silêncio na comissão de inquérito.
O antigo secretário de Estado da Saúde - que foi constituído arguido no âmbito do chamado caso das gémeas luso-brasileiras - fez uma intervenção inicial, na qual afirmou que não aceita ser "bode expiatório de um caso político e mediático".
Perante os deputados, Lacerda Sales criticou o relatório da Inspeção Geral das Atividades em Saúde considerando que “apresenta conclusões mas sem justificação plausível, fundamentadas em suposições.
Para Lacerda Sales as conclusões do relatório que apontam para a marcação da consulta por parte da secretária de Lacerda Sales “é uma tentativa de corresponder à pressão mediática da comunicação social, que hoje se propõe a tudo menos ao prosseguimento da sua função - a busca e apuramento da verdade”.
De acordo com o antigo governante as gémeas “receberam o tratamento de acordo com indicação exclusivamente clínica” e que “ninguém passou à frente de ninguém, pois nem sequer havia lista de espera“.
“É um orgulho que o meu pais tenha tratado 36 crianças com este medicamento inovador”, sublinhou o antigo secretário de Estado, questionando o que estaria hoje em debate caos as gémeas luso-brasileiras não tivessem sido tratadas.
“E se o estado através do SNS tivesse negado omitido ou protelado o tratamento? Qual seria o sentimento em torno dessa polémica? Provavelmente estaríamos aqui a apurar responsabilidades dessa omissão”.
Nesta audição, Lacerda Sales negou ainda ter pedido o adiamento da audição depois de ser constituído arguido: “Cai por terra a tese de que pedi o adiamento após a constituição de arguido. Pedi adiamento antes,” esclareceu.