Luís Montenegro não vê "grande utilidade" na proposta do PSD sobre professores
O ex-líder parlamentar do PSD recorda que as negociações entre professores e o governo não chegaram a bom porto e que esta 'obrigação' pode não ser útil. No seguimento, Carlos César acusa o PSD de hipocrisia e alerta que é importante que não se perca o acordo conseguido até então e que tem de ser promulgado por Marcelo Rebelo de Sousa.
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Uma maioria negativa 'obrigou' o governo a voltar à mesa das negociações com os corpos especiais da Administração Pública, entre eles os professores, uma decisão que Luís Montenegro considera que não tem "grande utilidade".
O ex-líder parlamentar do PSD explica que não está em causa a "especificidade da carreira do professor", mas sim o "esforço que foi pedido a todos os servidores do Estado [e que] pode ser repartido de uma forma equitativa e justa".
Quanto à posição do PSD, Montenegro foi perentório: "A posição do PSD visa tornar ainda mais clara a diferença dentro da maioria parlamentar mas não toma uma posição de fundo, isto é, o PSD votou contra a proposta de PCP e do Bloco de Esquerda da contagem integral do tempo e reforça a visão negocial. Não vejo uma grande utilidade nisto porque o processo negocial atingiu um momento que não parece que possa ser reaberto".
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Perante as declarações do social-democrata, Carlos César conclui que a "proposta do PSD sobre os professores é, além de um exercício de hipocrisia, uma proposta inútil".
"Estou convencido que aquilo que gostaríamos era que os professores, como todas as classes profissionais afetadas com o congelamento de carreiras, pudessem recuperar o tempo que perderam, mas todos nós sabemos que não é possível passar-se do oito para o 80, embora se tenha passado do 80 para o oito. Temos de ter a consciência de que é feito o que é possível e é feito com um determinado critério", explicou o socialista.
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Desta forma, Carlos César acredita que "o que ontem foi aprovado na AR [foi para] dizer ao governo que se sente às mesas das negociações e não foi aprovado que fossem recuperados os nove anos nem qualquer prazo para qualquer tipo de recuperação".
Perante este cenário, o presidente socialista espera que o que foi conseguido até agora não seja perdido. "Acho que este processo não devia pôr em perigo a recuperação imediata destes dois anos e tal a partir de janeiro, o que prejudicaria ainda mais as expectativas que os professores têm. Se o decreto não for promulgado o que acontece é que são abertas negociações. Quando se concluírem essas negociações essa reposição será retroativa ou não. Lança-se um mundo de dúvidas em que a solução mais provável é voltar ao ponto de partida, ou seja ao zero", concluiu.
* com Anselmo Crespo e Nuno Domingues