Em dia de luto nacional pelo Papa Francisco, a Assembleia da República assinalou os 51 anos do 25 de Abril. Os partidos de esquerda destacaram a forte mobilização no desfile como “uma grande lição” ao Governo, com o PS focado numa “mudança segura” de Executivo nas eleições legislativas de maio
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Os partidos de esquerda destacaram esta sexta-feira a forte mobilização no desfile do 25 de Abril como “uma lição” ao Governo, com o PS focado numa “mudança segura” de executivo nas eleições legislativas de maio.
PS, BE, PCP, Livre e PAN deixaram críticas ao executivo PSD/CDS durante o tradicional desfile popular na Avenida da Liberdade, em Lisboa, com a IL a ser o único partido a desvalorizar a polémica gerada depois de o Governo ter decretado luto nacional, entre quinta-feira e sábado, pela morte do Papa Francisco e ter cancelado a sua agenda festiva relativa à Revolução dos Cravos.
"O 25 de Abril não se fez para o respeitinho. O 25 de Abril fez-se para a liberdade a sério", destaca o líder do Livre, Rui Tavares.
Os líderes dos grupos de extrema-direita Rui Fonseca e Castro e Mário Machado estão em liberdade, após terem sido detidos na sequência de confrontos entre apoiantes dos grupos e manifestantes anti-fascistas. Ambos terão de se apresentar no Campus da Justiça, em Lisboa, esta segunda-feira.
"Depois de cumpridos os formalismos legais das detenções, os sujeitos detidos serão notificados para se apresentarem voluntariamente junto da Autoridade Judiciária competente, pelas 10h00 da próxima segunda-feira, no Campus da Justiça, em Lisboa", lê-se num comunicado enviado pela PSP às redações.
O Governo expressou gratidão às forças de segurança pelo trabalho desempenhado ao longo do dia desta sexta-feira e a sua solidariedade, em particular, aos dois agentes da PSP feridos em Lisboa.
“O Governo tem estado a acompanhar, em conjunto com as autoridades policiais e de segurança, a situação das diferentes manifestações e o desenrolar dos eventos nas ruas, saudando os muitos milhares de portugueses que hoje se manifestaram de forma pacífica e ordeira em diversos pontos do território nacional”, lê-se num comunicado do Ministério da Administração Interna (MAI).
No comunicado, o Governo assinala que, “infelizmente”, “uma minoria terá ultrapassado os limites legais do exercício ordeiro da liberdade de manifestação e expressão, o que levou à intervenção da Polícia para repor a ordem pública e legalidade, como é seu dever, e como tem feito em outras ocasiões, independentemente das motivações, ideologias, ou organizações subjacentes aos comportamentos desordeiros”.
Assim, o Governo quis exprimir “o seu agradecimento e apoio às forças de segurança e a sua solidariedade aos dois agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP) que foram agredidos no cumprimento da sua missão de defesa da segurança dos portugueses e da ordem pública”.
Dois polícias do corpo de intervenção ficaram feridos e tiveram de receber assistência médica na sequência dos confrontos da tarde desta sexta-feira com elementos de duas organizações de extrema-direita, que decidiram desafiar a proibição de se manifestarem.
Foi no Largo de S. Domingos em Lisboa que acabaram por ser detidas três pessoas, tendo outras quatro sido identificadas. A PSP está agora a estudar as imagens de vídeo para perceber se haverá motivos para identificar mais alguém.
"Estamos a analisar o enquadramento jurídico e, por isso, duas situações podem acontecer: ou são presentes amanhã perante a autoridade judiciária competente ou são notificados para depois fazerem a sua apresentação espontânea", adianta.
Iúri Rodrigues, do comando metropolitano da PSP de Lisboa, afirma que ainda não é certo o que acontecerá aos detidos entre eles o antigo juiz Rui Fonseca e Costa e o neonazi Mário Machado.
"Notificamos o promotor verbalmente de que teria de fazer cessar o evento porque, caso não o fizesse, incorreria num crime de desobediência. Infelizmente, apesar de ter sido reiterada várias vezes esta ordem, não cumpriu, pelo que foi dada por ordem minha a detenção. Infelizmente, durante esse momento, pessoas que o acompanhavam insurgiram-se e tivemos a lamentar dois polícias do corpo de intervenção ficaram ligeiramente feridos e tivemos de efetivar a detenção de uma pessoa por ter praticado esses atos", adianta,
Iúri Rodrigues justifica a primeira intervenção policial com a reação de alguns elementos destes grupos à detenção do antigo juiz, que desobedeceu à ordem para dispersar. Também a detenção de Mário Machado, neonazi com vasto cadastro de ações violentas, justificou nova carga da PSP.
Questionado pelos jornalistas sobre se não poderia ter havido uma intervenção mais rápida e preventiva, Iúri Rodrigues justifica que não é tão fácil como parece.
"São procedimentos complexos. Há questões que têm de ser acauteladas. (...) Há todo um planeamento e prevenção que não é feito em cinco segundos", esclarece.
As concentrações destes grupos de extrema-direita estavam proibidas, mas acabaram por concretizar-se, ainda que com poucas pessoas. O Comandante da 1.ª divisão da PSP de Lisboa não aceita que fosse algo facilmente antecipável
Se o objetivo era causar distúrbios foi conseguido, mas, dada a dimensão da festa, foram distúrbios muito localizados, que passaram despercebidos aos milhares que desceram a Avenida da Liberdade, em Lisboa, neste 25 de Abril.
O líder do grupo de extrema-direita 1143, Mário Machado, foi detido esta sexta-feira, no Rossio, na sequência de uma concentração não autorizada.
Mais de uma centena de apoiantes de grupos de extrema-direita como o Habeas Corpus e o 1143 gritaram: "Prendem um, prendem todos."
"Portugal é nosso!!", lê-se num dos cartazes erguidos pelos apoiantes da extrema-direita, que também gritaram, por várias vezes, "Portugal" e o hino nacional, com bandeiras do país.
Esta ação aconteceu enquanto, ao mesmo tempo, e num local bem próximo, na Avenida da Liberdade, se realizava o tradicional desfile do 25 de Abril, no dia em que se celebra os 51 anos da Revolução dos Cravos.
O antigo juiz e líder do partido Ergue-te Rui Fonseca e Castro foi detido pela PSP no Largo de São Domingos, em Lisboa, na sequência de uma manifestação convocada pelo Ergue-te, Habeas Corpus e o Grupo 1143. A polícia e os manifestantes envolveram-se em confrontos após uma concentração de apoiantes da extrema-direita não autorizada.
Antes da detenção, a PSP avisou o ex-juiz de que estava a incorrer num crime de desobediência. Momentos depois Fonseca e Castro acabou por se entregar, criando momentos de tensão, o que exigiu a intervenção do dispositivo policial para conter a agitação.
Mais de uma centena de apoiantes de grupos de extrema-direita como o Habeas Corpus e o 1143 gritaram: "Prendem um, prendem todos."
O habitual desfile do 25 de Abril na Avenida da Liberdade, em Lisboa, já conta com milhares de pessoas de cravo na mão, prontas a descer do Marquês de Pombal até aos Restauradores.
As celebrações dos 51 anos do 25 de Abril têm início na Assembleia da República, com o hino nacional interpretado pelo grupo coral juvenil do Instituto Gregoriano de Lisboa.
A sessão solene começa com um voto de pesar pela morte do Papa Francisco. O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, afirma que "os 12 anos de pontificado de Francisco representam para o mundo um decisivo apelo à fraternidade, misericórdia e à paz".
"Apoiou com palavras e gestos os mais pobres de entre os pobres", recorda Aguiar-Branco, sublinhando que o Papa "defendeu com coragem a dignidade de toda a vida humana". "Era, além de tudo mais, um bom amigo de Portugal", aponta.
Recorda-se agora as palavras de Francisco na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, em agosto de 2023: "Na Igreja, há espaço para todos, todos, todos."
O voto de pesar foi aprovado por unanimidade e o Parlamento faz um minuto de silêncio pelo chefe da Igreja Católica.
Usa agora da palavra o Presidente da República. É a última vez que Marcelo Rebelo de Sousa se dirige aos deputados numa sessão solene do 25 de Abril como Presidente da República.
No dia em que se celebra os 51 anos do 25 de Abril de 1974, a sessão solene na Assembleia da República ficou marcada pelas críticas ao Governo, que adiou as celebrações “por respeito à morte do Papa”. Pedro Nuno Santos disse mesmo que, esta sexta-feira, “o povo sai à rua, enquanto o Governo fica à janela”. Já em jeito de preparação para as eleições legislativas antecipadas de 18 de maio, os partidos políticos alertaram para um “momento ameaçador” e apelaram a uma “mudança urgente e necessária”. José Pedro Aguiar-Branco quer “estabilidade política” e Marcelo Rebelo de Sousa pediu "mais futuro do que passado".
O líder parlamentar do PSD afirma que "a única coisa que foi adiada foram os concertos musicais que não são compagináveis com o luto nacional" e convida todos a irem ao jardim da residência oficial do primeiro-ministro.
"Os partidos da opisoção não tendo mais nada para oferecer ao país quiseram criar um caso que não existe" e garante que "qualquer português percebe que o Governo esteve e estará nas celebrações em todo o país."
Depois rejeita que o Governo tenha feito "marcha-atrás", mas admite que as palavras do ministro da Presidência possam "não ter sido as melhores" dando azo a "más interpretações"
O dirigente do Livre assinala a importância da celebração do 25 de abril e sobre os discursos critica o Chega, citando o secretário-geral do PCP no debate televisivo com André Ventura, considerando que à direita ainda se opta pelo "revanchismo".
"O tipo de discurso do Dr. Nheca-nheca já é o tipo de discurso que os portugueses desconsideram porque não tem absolutamente nenhum valor," afirma.
Sobre as várias referência ao Papa Francisco que foram feitas durante a sessão, considera que Francisco gostaro muito de ver que a celebração da liberdade se junta com a homenagem pela sua partida."
O Presidente lembra que "Estas essões existem para que o duradouro seja mesmo duradouro e o efémero seja mesmo efémero." E pede "mais futuro, do que passado."
"Que não se confunda o essencial com o fundamental com o acessório."
Marcelo invoca o cenário internacional de há 50 anos para questionar: "Como não encontrar nos recentes apelos de Francisco alguns dos mesmos problemas e outros ainda maiores?" Marcelo considera que se tornam " ainda mais urgentes as lutas contra a a pobreza, as crises sucessivas e cumulativas."
Numa intervenção marcada pela invocação do Papa Francisco, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que "mais urgente é a paz e a justiça."
José Pedro Aguiar-Branco começa por recordar os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal: “Celebramos os portugueses que há 50 anos foram votar. Podemos celebrar o gesto, mas devemos estar à altura dele.”
O presidente da Assembleia da República fala sobre a “falta de confiança” dos portugueses nos políticos e refere que “a abstenção não é uma causa, é uma consequência”.
“Os políticos não podem ser meros comentadores da realidade, os políticos são construtores da realidade”, diz. Aguiar-Branco acrescenta: "Podemos discordar uns dos outros, mas todos concordamos que é preciso ter estabilidade política e que o povo a deseja."
Aguiar-Branco cita o Papa Francisco e diz: "Saibamos renunciar ao medo como tática, à divisão como estratégia, ao fatalismo como desígnio."
Teresa Morais, deputada do PSD, considera que em Portugal a democracia está consolidada, mas "ainda imperfeita" e cita o exemplo de "desigualdades várias que resistem na sociedade, como aquelas que "mantém as mulheres em baixos níveis de participação política" e o combate à violência doméstica que deve ser " prioridade absoluta," defendeu.
"Este é um objetivo civilizacional sem o qual nenhuma democracia se pode considerar completa."
A deputada social-democrata avisa ainda que “as redes sociais estão a tornar-se um risco para as democracias” defendendo que “salvaguardando liberdade de expressão, não deve permitir que se partilhem crimes”, numa referência ao recente caso da partilha de imagens de uma alegada violação.
Num discurso pontuado por memórias pessoais, como a experiência familiar da guerra colonial e a celebração da Revolução, Teresa Morais exorta: "Temos de conseguir fazer melhor e vamos fazer melhor."
O líder do PS começa por saudar os capitães de Abril presentes nas galerias do Parlamento e também Mário Soares. Ouvem-se aplausos da bancada socialista.
“Cancelar as celebrações do 25 de Abril não é só um ato de desvalorização da data maior da nossa democracia e de desrespeito para com os portugueses, é, sobretudo, o reflexo de um Governo desligado do sentimento popular”, atira Pedro Nuno Santos, sublinhando: “Hoje, o povo sai à rua, enquanto o governo fica à janela.”
O líder socialista fala numa democracia que “vive” um “paradoxo” entre uma “maior exigência de transparência e um sentimento de desilusão”. “Por um lado, a democracia é hoje mais exigente do que alguma vez foi. Sujeita os políticos a um maior escrutínio e impõe-lhes um maior nível de transparência e de integridade ética do que em qualquer outro momento da história (...) Por outro lado, é inegável que muitos portugueses estão desiludidos com os salários que recebem, com o custo de vida que têm de suportar e com a falta de oportunidades dos seus filhos.”
Pedro Nuno Santos deixa críticas, por isso, à extrema-direita, que “não faz outra coisa que não seja explorar e ampliar a desesperança e a legítima indignação de muitos portugueses”. “Sem soluções sérias e credíveis para o país, dedica-se a parasitar as desilusões do povo”, considera. As críticas estendem-se à “direita conservadora e liberal”, que “invoca e usa a classe média e as suas legítimas aspirações para no fim acabar a governar para uma minoria”.
“Ambas as respostas da direita retiram força ao projeto democrático coletivo que é a maior promessa de Abril – a construção de um país para todos”, atira, sublinhando que “honrar Abril é devolver ao povo esperança num projeto coletivo, democrático e de progresso”.
“Falo da esperança que, como dizia o Papa Francisco, é ‘a virtude do movimento e o motor da mudança’, da esperança que vive da ‘tensão entre a memória e a utopia que constrói os sonhos que nos esperam', refere.
“Um projeto para todos é muito diferente e muito mais ambicioso do que um projeto centrado na exploração do ressentimento ou na defesa do privilégio”, termina.
André Ventura, sem cravo, recorda Celeste Caeiro para afirmar que a mulher que distribuiu cravos "morreu abandonada numa urgência."
"Depois de tanto cravo e de tanta festa, morreu sozinha num país que não lhe deu resposta. Não me venham com cravos, venham com soluções," atira.
Depois, o líder d Chega cita factos do Chat GPT para classificar o estado da economia do país como sendo de "pobreza" e questiona como é que a inteligência do primeiro-ministro ainda não percebeu isso?" perante o sorriso de Luís Montenegro na bancada do Governo.
Quase a fechar a intervenção, o líder do Chega dirige-se a Marcelo Rebelo de Sousa a propósito do apelo feito pelo Presidente da República para que seja feita uma reflexão sobre as reparações: "enquanto o Chega cá estiver não será pago um cêntimo de indemnização a uma antiga colónia," diz.
Antes tinha insistido nas críticas às políticas de sucessivos governos nas áreas da habitação, justiça, saúde e combate à corrupção, citando Salgueiro Maia: "o 25 de Abril não se festeja, cumpre-se."
Antes tinha insistido nas críticas às políticas dos sucessivos governos em áreas como Saúde, Habitação e combate à corrupção e citado Salgueiro Maia, afirmou que "o 25 de abril não se festeja, cumpre-se."
Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, começa por dizer que “este é um dia que merece dupla celebração”. “Celebram-se hoje 50 anos sobre o dia em que se realizaram em Portugal as primeiras eleições livres após a queda da ditadura. Este 25 de Abril é, por isso, um dia que merece dupla celebração. Foi nesse 25 de Abril de 1975 que os portugueses disseram, pela primeira vez e sem margem para dúvidas, que não queriam viver sob regimes autoritários”, afirma.
No entanto, alerta que Portugal “ainda tem longo caminho a percorrer”, dando o exemplo da saúde, da habitação e da educação.
“Precisamos de um Estado melhor, que exista para servir os cidadãos e não para se servir deles. O Estado que vê nas pessoas que trabalham simples pagadores de impostos é um Estado sem estratégia. As pessoas não trabalham para suportar um Estado: trabalham para viver, para ter uma vida condigna e para dar o melhor às suas famílias. Precisamos, pois, de um Estado ao serviço das pessoas e das empresas”, sublinha, dizendo que “só a Iniciativa Liberal tem a convicção de fazer o caminho urgente e indispensável da modernização do Estado”.
Rui Rocha apela a “mudança urgente e necessária": "Precisamos de mais casas, de mais salário, de mais acesso à saúde, de mais representação, de mais maturidade política, de mais sentido de responsabilidade, de mais sentido de Estado."
O líder liberal refere que essa mudança começa a 18 de maio: “É a mudança para um Portugal mais liberal, mais moderno, mais próspero e com mais oportunidades”, termina.
Fala agora a líder do Bloco de Esquerada que se dirige diretamente a Luís Montenegro; " Sr. primeiro-ministro, de que serve adiar as comemorações do 25 abril se as palavras de" Francisco são tão cinicamente ignoradas?" questiona.
"As últimas que disse, denunciando o delírio da guerra, e especialmente as pronunciadas em Lisboa - todos, todos, todos. Incluindo os sobreviventes da Palestina, as pessoas ciganas, as mulheres, os migrantes,” recorda.
Mariana Mortágua insiste na crítica à decisão do Governo de adiar as "festividades" do 25 de Abril.
“Que o Governo de Portugal esteja disposto a adiar as comemorações do 25, é só a triste confirmação que nem o dia mais feliz consegue iluminar todo o futuro de um povo”, considera a líder do Bloco de Esquerda.
E apela aos jovens:
"Admiro os jovens que hoje olham apreensivamente as ameaças do novo fascismo. Ao contrário de mim quando tinha a tua idade e aprendia a ser gente no Largo do General sem Medo, tu hoje sabes perfeitamente que a democracia não está vacinada contra o mal do nosso tempo. Vês o discurso de ódio a entrar pelos pátios da escola, pela rua, pelo telemóvel. E apesar dessa ameaça e dessa apreensão, sais à rua de cravo na mão. Este é o tempo que nos calhou viver, e para o enfrentar temos connosco o segredo que Celeste Caeiro um dia contou a Portugal: num cravo cabe outro mundo." conclui.
Paulo Núncio traça um paralelo entre 1975 e as eleições de 18 de maio, apelando aos eleitores para "não deixarem a estabilidade nas mãos das oposições que se entenderam para derrubar, mas não para construir”.
“Um centro-direita que é moderado na política, bem-sucedido na economia, justo no social, regulador na imigração, e certo, certinho nas contas públicas! É isto que assusta as oposições de esquerda!", afirma.
O líder da bancada do CDS lembra que, desde 1979, “a fórmula AD nunca perdeu eleições legislativas”.
O líder parlamentar do CDS lembra ainda que nesta data se assinalam não apenas “a queda de um regime autoritário, sem soluções internas ou externas” mas também os 50 anos das primeiras eleições livres e democráticas em Portugal.”
“Os mais radicais do 11 de março diziam e cito: 'As conquistas da revolução não podem ser postas em causa pela via eleitoral.' Para uma minoria era um voto condicionado! Mas para a larga maioria era e só podia ser um voto inteiramente livre!", atira.
António Filipe, o deputado com mais anos de Parlamento, começa por invocar o exemplo do Papa Francisco e invoca também a ação dos Capitães de Abril.
"A democracia está hoje sob ameaça daqueles que a tentam denegrir," avisa atirando à extrema-direita que, "dizendo-se antissistema, representa o pior do sistema que tem.”
De cravo na lapela, António Filipe expressa a convicção de que a "democracia tem força suficiente para derrotar os seus inimigos."
"Está nas mãos do povo a realizaço dessa vida melhor que Abril iniciou," afirma o deputado do PCP.
Invocando as lutas dos trabalhadores e das populações, António Filipe ataca "a direita retrógrada, obscurantista e profundamente reacionária”
Isabel Mendes Lopes, líder parlamentar do Livre, começa por recordar Celeste Caeiro, a mulher que distribuiu “por acaso” os cravos aos soldados da Revolução. "Transformou a nossa revolução mais bela na Revolução dos Cravos e tornou esta flor símbolo da liberdade", refere.
"Foi um acaso, mas não foi uma coincidência", afirma, recordando ainda os 50 anos das primeiras eleições livres: “As filas para votar para a Assembleia Constituinte eram imensas.”
“O momento é mesmo ameaçador”, lamenta Isabel Mendes Lopes, considerando que “é fácil cair na ditadura”.
“Este é o momento para fazermos história, a nossa história”, diz, apelando ao voto nas próximas eleições legislativas: “Votem como se a nossa vida e a nossa liberdade dependessem disso, porque, na verdade, dependem.”
A líder parlamentar do Livre atira ainda ao Governo: "A celebração do 25 de Abril não se cancela, não se adia."
Inês Sousa Real, porta voz e deputada do PAN, cita os exemplos de Maria Teresa Horta, do Papa Francisco e do Capitão Matos Gomes para considerar que "é urgente a esperança da democracia" mesmo quando existe um cansaço pelas sucessivas idas às urnas.
Sousa Real invoca problemas como a violência doméstica como um dos problemas que persiste.
Em tempo de pré-campanha, Inês Sousa Real lembra o "retrocesso" que significou a ditadura.
Numa das galerias do hemiciclo, o grupo coral juvenil do Instituto Gregoriano de
Lisboa interpreta o Hino Nacional com a assistência ainda de pé. É o primeiro momento simbólico desta sessão solene.
Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro já chegaram à Assembleia da República para a sessão solene do 25 de Abril.
Devido ao luto nacional pela morte do Papa Francisco, o Presidente da República não fez a tradicional revista às forças em parada.
Ali encostado a Monsanto, o Bairro da Boavista, na freguesia de Benfica, continua orgulhoso a lembrar que é o bairro social mais antigo da Península Ibérica. É solidário e grato.
Salta à vista, logo à entrada do bairro, numa parede da Associação de Moradores, o desenho a cores vivas de um jovem com farda militar. É uma das últimas homenagens ao Capitão Dinis de Abreu, em 2024.
Há 50 anos, nas primeiras eleições livres com sufrágio universal, 92% dos eleitores portugueses votaram para eleger a Assembleia Constituinte. O dia foi de “festa” pelo meio de uma intensa agitação política e social.
Helena Roseta militava no PPD e, ao lado do marido, Pedro Roseta, percorreu o país em sessões de esclarecimento numa intensa campanha antes das eleições.
Cinquenta anos depois das primeiras eleições livres e universais em Portugal, uma das deputadas então eleitas para a Assembleia Constituinte Helena Roseta sublinha o poder do voto, lembrando que "para deitar abaixo uma ditadura é preciso uma revolução, mas para derrubar um Governo basta o voto dos cidadãos".
A Assembleia da República assinala esta sexta-feira os 51 anos da revolução de 25 de Abril de 1974 com o parlamento dissolvido e em dia de luto nacional, realizando-se à tarde o tradicional desfile popular em Lisboa.
A menos de um mês das eleições legislativas antecipadas de 18 de maio, já em ambiente de pré-campanha, a maioria dos partidos escolheu os seus líderes para discursar: Pedro Nuno Santos pelo PS; André Ventura pelo Chega; Rui Rocha pela Iniciativa Liberal; Mariana Mortágua pelo Bloco de Esquerda; e Isabel Mendes Lopes (co-porta-voz) do Livre.
Discursam, ainda, a antiga ministra e atual vice-presidente da Assembleia da República Teresa Morais pelo PSD, a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, o líder parlamentar do CDS, Paulo Núncio, e o deputado do PCP António Filipe.
Em dia de luto nacional pela morte do Papa Francisco, a sessão, que começa às 10:00, terá poucas diferenças face ao habitual mas começará com a leitura de um voto de pesar pelo falecimento do Papa Francisco, seguindo-se um minuto de silêncio.
O Presidente da República, quando chegar ao parlamento, desta vez não fará a tradicional revista às forças em parada. E o pavilhão presidencial será içado a meia haste na varanda do Palácio de São Bento.
Marcelo Rebelo de Sousa receberá à chegada honras militares, a banda e fanfarra executam o hino nacional e ser-lhe-á feita a continência das sentinelas honoríficas.
Imediatamente antes de o presidente da Assembleia da República dar início à sessão, o grupo coral juvenil do Instituto Gregoriano de Lisboa vai interpretar o hino nacional.
Já no encerramento, após o discurso do Presidente da República, será a vez da banda da Guarda Nacional Republicana, formada nos Passos Perdidos, executar o hino nacional.
À tarde, realiza-se, em Lisboa, o desfile popular comemorativo da revolução, promovido por várias entidades, com a Associação 25 de Abril à cabeça, e que reúne tradicionalmente milhares de pessoas, do Marquês de Pombal e termina nos Restauradores.
Um estudo da Pordata indica que só seis em 24 governos concluíram o seu mandato desde as primeiras eleições legislativas em democracia, em 25 de Abril de 1976, o último dos quais de António Costa, entre 2015 e 2019.
“Desde 1976, apenas seis dos 24 governos concluíram o mandato”, lê-se num estudo divulgado hoje pela Pordata, base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que faz um retrato “da evolução das eleições legislativas em Portugal”.
O último executivo que cumpriu a totalidade do seu mandato foi liderado por António Costa, entre 2015 e 2019, durante a ‘geringonça’, que sucedeu a outro Governo, de Pedro Passos Coelho, que também cumpriu os quatro anos de mandato previstos, entre 2011 e 2015.
