Marcar diferenças a caminho das eleições? "BE e PCP arriscam-se a que seja um erro"
Em entrevista na TSF, no programa Bloco Central, António Costa defendeu que o que tem assegurado a "estabilidade da solução de Governo" é a falta de competição entre os parceiros da esquerda.
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Com o próximo ano marcado por três atos eleitorais - eleições europeias, eleições legislativas e as eleições regionais na Madeira -, o primeiro-ministro encara com alguma naturalidade que os partidos que apoiam o atual Governo do PS queiram marcar diferenças face aos socialistas. António Costa entende, no entanto, que essa atitude pode resultar num "erro" estratégico por parte dos parceiros da esquerda.
"Percebo que, numa solução governativa de um Governo minoritário do PS, o PCP, o BE e o PEV tenham uma necessidade acrescida de mostrarem a sua diferenciação face ao PS, arriscam-se é que isso seja um erro", afirmou o António Costa no programa Bloco Central, da TSF, pouco depois de ter falado aos jornalistas na conferência de imprensa de balanço de três anos do Governo.
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Para o primeiro-ministro, é "relativamente óbvio" que com o aproximar dos atos eleitorais os partidos tenham "necessidade de afirmar a sua identidade", mas o líder do Governo lamenta que haja quem queira partir para a corrida eleitoral com o objetivo de "limitar" um eventual bom resultado dos socialistas. E dá o exemplo do Bloco de Esquerda.
"Ouvi Catarina Martins [na Convenção Nacional do BE] a dizer que a grande meta que tem é limitar os resultados eleitorais do PS. É um erro", assinalou António Costa, que justifica: "O que é que tem assegurado a estabilidade desta solução governativa? É que nós não temos competido entre nós".
Costa atira aos "conceitos genéricos" apresentados pelo BE. "É curto"
Questionado na TSF sobre o caderno de encargos deixado por Catarina Martins ao PS no encerramento da Convenção Nacional do BE - no qual, entre outras propostas, a coordenadora bloquista apelou ao controlo público dos setores da banca e da energia -, António Costa considera que é preciso mais do que "conceitos genéricos".
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"Tudo está em saber do que é que estamos a falar. Porque, chegar a uma Convenção Nacional e dizer conceitos genéricos sem os consubstanciar é curto", afirmou.
Segundo o primeiro-ministro, se, no caso da banca e da energia, os bloquistas entendem que o Governo deve "aperfeiçoar os mecanismos regulatórios e de supervisão", Costa adianta que o Executivo do PS tem "feito progressos" e garante que vai "continuar a fazer".
"E temos vindo a melhorar o quadro regulatório no setor da energia", vinca o primeiro-ministro.