Marcelo aconselha políticos a olharem "com mais atenção" para o que mudou no país
"Felizmente" os problemas de outros países da Europa não são tão graves como em Portugal, destacou Marcelo Rebelo de Sousa.
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O Presidente da República nunca se referiu aos "coletes amarelos", que se manifestaram esta sexta-feira em vários locais do país, mas aconselhou os atores políticos a "olhar com mais atenção" para o que mudou na Europa e no país.
No discurso, de quase 45 minutos, com que encerrou o Conselho da Diáspora Portuguesa, no Palácio da Cidadela, em Cascais, Marcelo Rebelo de Sousa nunca usou as palavras "coletes amarelos" e falou genericamente dos problemas de "outros sistemas políticos europeus" que "felizmente" não são tão graves em Portugal, numa referência implícita aos fenómenos do populismo ou da extrema-direita.
"Se houvesse dúvidas, elas têm sido desmentidas todos os dias, todos os dias", afirmou perante uma plateia de empresários e empreendedores portugueses da diáspora, mas também José Manuel Durão Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Os portugueses, afirmou, "não trocam a segurança da democracia pelo aventureirismo de experiências marginais e antissistémicas".
Para Marcelo Rebelo de Sousa, os portugueses habituaram-se a votar, a expressar-se com "liberdade de pensamento", exprimindo-se através do sistema. "O problema é outro."
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Para Marcelo, o sistema político "tem que se reajustar" e estar atento a "movimentos inorgânicos que surgem, a novos desafios difíceis para a democracia", tendo em conta "o mundo eletrónico e digital", com "novas formas de expressão política".
O protesto dos "coletes amarelos" teve hoje de manhã uma fraca adesão, mas provocou alguns condicionamentos de trânsito, tendo a polícia identificado 12 pessoas, no Porto e em Coimbra, e detido três manifestantes em Lisboa, na sequência de desacatos.
Os protestos dos "coletes amarelos" em Portugal foram convocados por vários grupos através das redes sociais, com inspiração nos movimentos contestatários das últimas semanas em França.