Marcelo assinala questões polémicas em final de campanha, sem comentar caso Spinumviva
Sem nunca criticar nem responsabilizar ninguém e ressalvando que não estava a "comentar casos concretos", o PR afirma que discorda da ideia de que a reta final das campanhas é decisiva: "O eleitorado fica fixo, na grande maioria, bastante tempo antes"
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O Presidente da República assinalou, esta quarta-feira, o surgimento de questões polémicas em final de campanha, considerando que isso é recorrente e resulta da ideia, no seu entender errada, de que pode ter um efeito decisivo nos eleitores.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas na Cidade do Futebol, em Lisboa, após ser questionado sobre as notícias mais recentes acerca do caso Spinumviva, que envolve o primeiro-ministro, que recusou comentar, por ser "um processo que está ainda no domínio da investigação judicial, embora prévia".
A propósito deste caso, o chefe de Estado, fez, no entanto, um comentário sobre o timing com que surgem questões polémicas: "Na ponta final de um período eleitoral, digo isso por experiência, já me aconteceu que muitas das questões mais polémicas em que eu fui chamado a intervir eram precisamente nesse período. Por que é que eram nesse período? Porque era um período crucial em termos eleitorais."
Interrogado se entende que as esferas da justiça e da política se estão a misturar, o Presidente da República não respondeu à pergunta e prosseguiu:
Eu acho que é o seguinte: há a ideia, que eu acho errada, de que os últimos dias da campanha eleitoral são muito importantes porque vão mudar ou vão definir o eleitorado nessa ponta final
Sem nunca criticar nem responsabilizar ninguém e ressalvando que não estava a "comentar casos concretos", Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que discorda da ideia de que a reta final das campanhas é decisiva: "A minha experiência é muito diferente dessa. O eleitorado fica fixo, na grande maioria, bastante tempo antes."
"Mas há essa ideia, que eu penso que é errada, sobretudo quando as sondagens dão uma proximidade muito grande entre candidatos ou entre candidaturas, ou entre formações políticas, a ideia de que o que suceder na ponta final pode ter um efeito decisivo", reforçou.
Para o chefe de Estado, "quem já foi candidato sabe que faz parte da inevitabilidade da campanha eleitoral, tal como ela é vista, o ter de esperar os momentos mais difíceis, mais complicados, às vezes aparentemente mais emocionantes, na ponta final das campanhas".
"Isso não quer dizer que tenham depois efeito nos resultados", acrescentou.
Quando a comunicação social lhe perguntou se tinha alguma coisa a dizer sobre os novos elementos que surgiram sobre o caso da empresa familiar do primeiro-ministro, Luís Montenegro, entretanto passada aos filhos, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Não, sobre a substância não."
"Pois é um processo concreto, um processo que está ainda no domínio da investigação judicial, embora prévia, o Presidente da República não vai comentar isso, nunca", justificou.
Após notícias da TVI/CNN Portugal e da Sábado de que procuradores são favoráveis à abertura de um inquérito sobre a Spinumviva, na terça-feira, a cinco dias das eleições autárquicas, a Procuradoria-Geral da República (PGR) divulgou uma nota a esclarecer que ainda "está em curso" a averiguação preventiva relacionada com esta empresa.
Segundo a mesma nota "o Ministério Público aguarda ainda documentação que, depois, carecerá de análise", e não existe até ao momento "qualquer convicção formada que permita encerrar a referida averiguação preventiva nem nada foi proposto ao procurador-geral da República neste domínio".