Marcelo defende Portugal "uno e diverso" e espera que "este 10 de Junho queira dizer: tragédias como a de 2017, nunca mais"
O Presidente da República escolheu para palco destas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas três concelhos do distrito de Leiria afetados pelos incêndios de 2017.
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A comentadora de política nacional Margarida Davim considera que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tinha de convidar alguém que viveu o drama dos incêndios.
"Vir aqui e não dar a palavra a quem cá está e viveu na pele a tragédia dos incêndios de 2017 seria bastante artificial e estranho, portanto foi muito boa a escolha de dar a voz a Rui Rosinha. Foi certamente uma voz incómoda, alguém que veio pôr o dedo na ferida que está aberta no país entre o litoral e o interior. É um assunto que faz muitas vezes parte das proclamações dos políticos, mas que depois não passa disso. Rui Rosinha veio chamar a atenção para a forma como o interior, apesar de ser o centro de alguns discursos políticos, não tem beneficiado do investimento de que precisa. Foi até um bocadinho incómodo para o Governo quando veio elogiar a medida aprovada pelo Parlamento, contrária à abolição das portagens nas antigas SCUT. Foi um momento incómodo, mas essencial para dar algum significado a esta cerimónia. Foi o discurso que tornou esta cerimónia mais interessante", defendeu à TSF Margarida Davim.
O Presidente da República começa por dizer que "Portugal não é só mar, nem só interiores mais ou menos profundos, nem só metrópoles ou aldeias". "Portugal não é só história, cultura e ciência do povo anónimo que, por cá, e lá fora leva longe o nosso nome. Portugal não é só as euforias, nem só dos dramas, das tragédias. Portugal é tudo isso e um só", afirma.
Marcelo considera que "celebrar o 10 de junho" mostra um Portugal "uno e diverso" e evoca com "respeito e saudade" as vítimas dos incêndios de 2017. A cerimónia “evoca o passado, mas quer dizer o futuro. A reconstrução. Novos habitantes, nacionais e estrangeiros", diz.
O chefe de Estado refere que os concelhos afetados por estes fogos estão "renascidos ou a querer renascer". "Desengane-se quem olha para nós e acha que desistimos ao primeiro contratempo”, sublinha, referindo-se também aos militares que são "os garantes da nossa soberania".
“Assumimo-nos como somos. Sem complexos. Que este 10 de junho queira dizer: tragédias como a de 2017, nunca mais”, diz Marcelo, recordando ainda que o dia de hoje também celebra 500 anos de Camões.
O Presidente defende um “futuro mais igual e menos discriminatório para todos os portugueses” e que deve haver sempre “lugar para o sonho".
Marcelo afirma ainda que “Portugal e os portugueses são sempre melhores do que às vezes pensamos e de que muitos outros gostam de pensar” e termina o discurso dizendo que “nós orgulhosamente vivemos quase 900 anos de passado, sempre feito futuro".
Rui Rosinha, bombeiro da Corporação de Castanheira de Pera, uma das vítimas dos incêndios de 2017, toma a palavra. Ficou ferido no combate ao fogo. "Desde tenra idade frequentava o quartel dos bombeiros", recorda. Foi bombeiro até aos 43 anos. Os ferimentos que sofreu nos incêndios de 2017 impediram-no de voltar ao serviço.
“Ao comemorarmos o 10 de junho aqui, não podemos esquecer o recente passado. Foi uma das maiores e mais mortíferas catástrofes de Portugal”, considera. "Não devemos esquecer os muitos feridos, que necessitam de apoio contínuo para reconstruir as suas vidas", afirma, lembrando também um bombeiro que morreu no combate aos incêndios.
Rui Rosinha deixa ainda algumas críticas: "Muito se falou e prometeu, mas pouco chegou ao território." O bombeiro diz que "o caminho para a recuperação tem sido bastante difícil" e apela a "um compromisso sério" por parte do Governo para resolver os problemas destas regiões.
Neste momento, realiza-se a cerimónia de homenagem aos mortos em combate, com a passagem de meios aéreos.
Já começaram as cerimónias militares que antecedem os discursos do 10 de Junho. O hino nacional já se fez ouvir em Pedrógão Grande.
A parte principal das cerimónias do 10 de Junho, em Pedrógão Grande, arrancam com a tradicional salva de 21 tiros enquanto toca o hino nacional. Marcelo Rebelo de Sousa faz agora revista às forças militares.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já chegou ao local das celebrações do 10 de Junho, em Pedrógão Grande.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, acaba de chegar ao local das cerimónias do Dia de Portugal, em Pedrógão Grande. Falta apenas a chegada do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, já chegou a Pedrógão Grande, local onde se realizam as cerimónias comemorativas do 10 de Junho. Aos jornalistas, afirmou que os resultados do PS nas Eleições Europeias "são mais expressivos do que aqueles com que o Governo foi eleito há três meses".
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, evocou esta segunda-feira no Dia de Portugal "a garra lusitana" que inspira "a não desistir perante as adversidades", defendendo que o Governo está a construir um país "com ambição e esperança humanista e progressista".
Numa mensagem divulgada nas suas redes sociais, o primeiro-ministro assinala o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que hoje se assinala.
"Evocamos a garra lusitana que nos inspira a não desistir perante as adversidades e a lutar por um amanhã melhor. A alma portuguesa que junta a história e o futuro, que junta a ambição e a esperança", afirmou.
As comemorações do V centenário do nascimento de Luís de Camões arrancam oficialmente esta segunda-feira, dia em que se assinala também o aniversário da sua morte, estando prevista uma programação que se estenderá até 10 de junho de 2026.
Do programa das comemorações, comissariado pela professora, investigadora e especialista na obra de Luís de Camões Rita Marnoto, fazem parte espetáculos para teatro e cinema, iniciativas de comunicação através das redes digitais, programas para televisão e exposições.
Estão também previstas publicações especiais, um concurso escolar para professores e alunos, bem como ações de formação, segundo a programação apresentada pelo Ministério da Cultura na passada quarta-feira.
Entre as iniciativas para teatro e cinema, contam-se a representação da comédia "Filodemo", em parceria com o Teatro Nacional D. Maria II, a elaboração de um breve filme de animação sobre a vida de Camões para os primeiros ciclos do ensino básico, e contratação de peças sobre o mesmo tema para apresentar em escolas.
O Presidente da República discursa esta segunda-feira em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, pela nona vez numa cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, data em que tem elogiado o povo português, falando numa pátria de caráter universal.
Marcelo Rebelo de Sousa escolheu para palco destas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas três concelhos do distrito de Leiria afetados pelos incêndios de 2017 -- Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera -- e Coimbra, onde terão hoje início as celebrações dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões.
