Marcelo defende que "República e democracia estão vivas, mas sabem que têm de mudar e muito"
O chefe de Estado lamenta que em 50 anos de democracia não se tenha resolvido "problemas graves" como a pobreza, as desigualdades entre pessoas e territórios e o envelhecimento de sistemas sociais
Corpo do artigo
O Presidente da República defendeu este sábado que a "República e a democracia estão vivas, mas sabem que têm de mudar e muito". Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que a "mais imperfeita democracia é muito melhor do que a mais tentadora ditadura, por isso, vale a pena aqui virmos todos os anos".
Num discurso em que começou por traçar o caminho da democracia e da República portuguesa na História, o chefe do Estado garante que esta foi capaz de superar "os mais difíceis confrontos" e as "substanciais mudanças" que ocorreram um pouco por todo o mundo. Portugal, destaca, manteve-se "fiel aos seus princípios".
Marcelo discursava na sessão solene comemorativa do 114.º aniversário da Implantação da República, cerimónia a que assistiram apenas convidados, fechada ao público, que não podia aceder à Praça do Município, em Lisboa.
O Presidente da República realça, por isso, que "o mundo mudou, mas a República está viva", apesar não ser "perfeita" e não ser um projeto "acabado".
"É obra de todos os dias, de sucessivas gerações de portugueses", insiste, lamentando ainda que em 50 anos de democracia não se tenha conseguido dar respostas a problemas "graves" que minam os sistemas sociais, como são exemplos a existência de dois milhões de cidadãos em situação de pobreza, as desigualdades entre pessoas e territórios e o envelhecimento de tantos sistemas sociais.
Apesar de todas as impressões, Marcelo Rebelo de Sousa enumera as razões pelas quais a República se encontra viva: "Viver em liberdade é muito melhor do que viver em repressão. O pluralismo é muito melhor do que verdade única, a tolerância e o universalismo são muito melhores do que a aversão ao diferente. A mais imperfeita democracia é muito melhor do que a mais tentadora ditadura, por isso, vale a pena aqui virmos aqui todos os anos."
O chefe do Estado apela ainda para uma República "mais livre, mais igual, mais justa e mais solidária para o bem de Portugal".