"Ponto de encontro entre povos, economia mais forte, sociedade mais justa, política e políticos mais confiáveis. Será pedir muito a todos nós, neste ano de 2019? Não. Não é". O pedido no discurso de Ano Novo do Presidente da República.
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Na mensagem de Ano Novo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu a ideia de que continuam a viver-se "tempos muito difíceis" num mundo em que há muita injustiça mas não esqueceu o ano eleitoral que os portugueses vão viver.
O chefe de Estado português agradeceu "mais um ano de trabalho, de dedicação, de orgulho de ser Português", a quem está dentro das "fronteiras físicas" mas também a quem tem "construído Portugal fora delas".
"Nós sabemos que estes tempos continuam muito difíceis. Num mundo que falta em Direito, em ética, em paz, em diálogo, em justiça, em certeza, o que sobra em razão da força, em conflito, em desigualdades, em incerteza", reflete o Presidente português.
O Brexit não ficou de fora do discurso do chefe de Estado, num acontecimento, sublinha, em que a Europa "fica mais pobre", mas também "desacelera na economia, vê crescerem promessas sem democracia e sem pleno respeito da dignidade das pessoas".
No que toca a Portugal, Marcelo recorda que "saiu da crise, reganhou esperança, mas que precisa de olhar para mais longe e mais fundo".
Em suma, o Presidente da República realça que "a resposta a estes tempos muito difíceis só pode ser uma - valores, princípios e saber aprendido com quase nove séculos de História", bem como a "dignidade da pessoa, de todas as pessoas, a começar nas mais frágeis, excluídas e ignoradas".
O chefe de Estado enaltece a liberdade, diferença, pluralismo, um Estado de Direito. "Que não há ditadura, mesmo a mais sedutora, que substitua a democracia, mesmo a mais imperfeita", salvaguarda.
O ano eleitoral que acaba de começar
E num discurso em que reforçou diversas vezes a ideia de "valores, princípios, saber de experiência feito", explicou que "o mesmo vale para o ano eleitoral que nos espera e que em rigor já começou em 2018".
"As vossas escolhas irão decidir o nosso destino durante quatro anos, nas eleições para a Assembleia da República e para a Assembleia Legislativa Regional da Madeira e também muito da nossa presença na Europa, durante cinco anos, nas eleições para o Parlamento Europeu" e, perante tal, Marcelo deixa um pedido "simples, mas exigente" aos portugueses: "Votem. Não se demitam de um direito que é vosso, dando mais poder a outros do que aquele que devem ter".
O Presidente da República pediu que haja debates com liberdade, "mas não criem feridas desnecessárias e complicadas de sarar".
"Chamem a atenção dos que querem ver eleitos para os vossos direitos e para as vossas escolhas políticas, pela opinião, pela manifestação, pela greve, mas respeitem sempre os outros, os que de vós discordam e os que podem sofrer as consequências dos vossos meios de luta", frisou.
E para os candidatos, deixou também recados. "Se quiserem ser candidatos analisem, com cuidado, o vosso percurso passado e assumam o compromisso de não desiludir os vossos eleitores", começou por dizer.
"Pensem como demorou tempo e foi custoso pôr de pé uma democracia e como é fácil destruí-la, com arrogâncias intoleráveis, com promessas impossíveis, com apelos sem realismo, com radicalismos temerários, com riscos indesejáveis", acrescentou.
Marcelo realçou que "com o mundo e a Europa como se encontram, bom senso é fundamental" e esta ideia "não é incompatível com ambição". "Podemos e devemos ter a ambição de continuar e de reforçar a nossa vocação de plataforma entre povos, culturas e civilizações", explicou.
Neste sentido, o chefe de Estado ressalvou que é necessário ter a "ambição de assegurar que a nossa economia não só se prepare para enfrentar qualquer crise que nos chegue, como queira aproximar-se das mais avançadas e dinâmicas da Europa, prosseguindo um caminho de convergência agora retomado".
É também realçada a necessidade de combater a pobreza e a "fatalidade de termos Portugais a ritmos diferentes, com horizontes muito desiguais" e também ter a "ambição de dar mais credibilidade, mais transparência, mais verdade às nossas instituições políticas. Para que a confiança tenha razões acrescidas para se afirmar".
"Ponto de encontro entre povos, economia mais forte, sociedade mais justa, política e políticos mais confiáveis. Será pedir muito a todos nós, neste ano de 2019? Não. Não é", responde, frisando que "quem venceu crises e delas saiu, com coragem e visão, é, certamente, capaz de converter esse esforço de uma década num caminho mobilizador e consistente de futuro".
Assim, Marcelo conta com os portugueses para o "desafio comum" e garante que os portugueses podem contar com o Presidente da República "para procurar que nenhum dos vossos contributos seja desperdiçado, nenhuma das vossas vozes seja ignorada, nenhum dos vossos gestos seja perdido. Porque Portugal precisa de todos nós".