Marcelo diverge do Governo: preferia fim do corte nos salários dos políticos apenas para novos mandatos
Depois dos protestos do Chega, o Presidente da República pediu “respeito” e “bom senso”
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A medida foi aprovada, mas o Presidente da República discorda. Marcelo Rebelo de Sousa admite que preferia que o fim do corte nos salários dos políticos entrasse em vigor apenas nos novos mandatos e não a partir do próximo ano. Terá um acréscimo de cinco por cento no ordenado, mas “já nem contava com o valor”.
O fim do corte de cinco por cento nos salários dos políticos marcou os últimos dias do debate Orçamental, e o Presidente da República admite, depois da aprovação do Orçamento, que tem uma visão contrária.
“Teria preferido que fosse aplicável só aos mandatos futuros dos titulares de cargos políticos e não aos mandatos em curso”, admitiu Marcelo, à margem de uma visita ao Banco Alimentar Contra a Fome.
Marcelo Rebelo de Sousa nota que o corte, aplicado, desde os tempos da troika, faz diferença principalmente aos autarcas e “respeita as opiniões que dizem que para o futuro devia haver uma normalização a pensar, não no Presidente da República, nem no Governo, mas em autarcas e em outros responsáveis da administração pública que estão ligados a estes limites no vencimento”.
Vários partidos já anunciaram que vão abdicar do montante. Marcelo Rebelo de Sousa “respeita a lei”. Certo é que já não contava com o acréscimo até porque o mandato termina no início de 2026.
“Se a lei estiver em vigor, respeito a lei. Na minha cabeça, já tinha abdicado, já não fazia tensões de no próximo ano e três meses contar com esse valor”, respondeu.
“Lei é lei”, acrescentou o Presidente da República, falando ainda do protesto do Chega, contra a aprovação da medida, que pode ter estado à margem da lei. O partido de André Ventura pendurou cartazes nas janelas da Assembleia da República, o que leva a principal figura do Estado a pedir “respeito”.
“As pessoas têm de ter em linha de conta o respeito das instituições e o prestígio das instituições. Seria impossível, cada vez que há um ponto que é discutível na Assembleia, numa lei qualquer ou num orçamento qualquer, que de repente houvesse campanha eleitoral nas janelas do Parlamento. Cada partido colocava cartazes, bandeirolas, o que queria”, comparou.
Vários partidos já admitiram apresentar queixa contra o Chega, mas para o Presidente “não é uma questão de legalidade”: “É uma questão de respeito das instituições e, sobretudo, de contribuir para prestigiar as instituições e não desgastá-las, e aí o bom senso é fundamental”.
Fica dada a mensagem a André Ventura. Por último, o Presidente da República deixa vários agradecimentos depois da aprovação do Orçamento. O primeiro ao Governo, por ter dialogado com a oposição, mas também ao PS “pelo sentido de Estado”.