Marcelo e as relações entre Belém e São Bento? "Foi uma tentativa de deixar claro que pretende mais"
A mensagem de Ano Novo do Presidente da República subiu a debate n'O Princípio da Incerteza. Alexandra Leitão refere que Marcelo não está satisfeito com a relação que tem com Montenegro, Miguel Macedo diz que o chefe de Estado está preocupado com o futuro e Pacheco Pereira destaca o papel do Presidente para este ano
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Alexandra Leitão defende que o Presidente da República espera mais da relação entre Belém e São Bento. No discurso de Ano Novo, Marcelo Rebelo de Sousa pediu ao primeiro-ministro que o "bom senso prossiga" para garantir "solidariedade institucional" e "cooperação estratégica" entre o chefe de Estado e o líder do Governo. No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e da CNN Portugal, a líder parlamentar do PS considera que Marcelo não está satisfeito com a relação que tem com Luís Montenegro.
"Acho que isto foi uma tentativa de deixar claro que pretende mais da relação com o Governo e com o primeiro-ministro, em especial", diz Alexandra Leitão, recordando que "o Presidente em Portugal tem um bocadinho do poder executivo".
"É a natureza do sistema de Governo e, designadamente, em matéria de alguns vetos e em matéria de algumas intervenções, eu acho que o senhor Presidente da República pode ter essa intervenção", sublinha.
Já o antigo ministro social-democrata Miguel Macedo acredita que o Presidente da República está preocupado com o futuro e as incertezas internacionais. "O senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em alguns momentos e em alguns aspetos, levou ao limite as suas competências presidenciais", atira o ex-governante, referindo, ainda assim, que, nesta circunstância, "não é disso que se trata".
"Acho que o Presidente da República tem uma consciência profundíssima e muito conhecedora de todos os aspetos que estão hoje envolvidos em matérias decisivas para a Europa e para Portugal e, por isso, entende que este é um momento de tal forma desafiante, que, sem esta cooperação estratégica entre todos, não apenas entre Presidente da República e o Governo, vai ser mais difícil conseguirmos aquilo que pretendemos", afirma.
Pacheco Pereira não comenta o pedido de "cooperação estratégica" feito por Marcelo Rebelo de Sousa ao primeiro-ministro. O historiador prefere sublinhar que o chefe de Estado vai ser muito importante neste ano.
"Essa nuvem de palavras esconde a realidade. O Presidente da República devia pensar sobre este último ano em que ainda tem poder presidencial. Ele vai ser preciso como nunca, mas, para isso, ele tem de alterar de forma decisiva o estilo que tem seguido nos últimos anos", considera, acrescentando: "Vai ser preciso como nunca, porque o país está muito pior e, desse ponto de vista, a palavra presidencial, com medida, com economia de termos, com intervenções ajustadas, mas indo além do lugar-comum, é o que esperamos do Presidente da República."
