O chefe de Estado defende que o Papa foi "a mais corajosa voz de entre os líderes espirituais dos últimos 12 anos na defesa da dignidade humana, paz, justiça, liberdade, igualdade e fraternidade"
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recorda Francisco como um "amigo tardio, mas intenso da nação" portuguesa e ressalva que este foi, talvez, a "mais corajosa voz dos líderes espirituais na defesa da dignidade humana, paz e justiça".
Do legado deixado por Francisco, o chefe de Estado guarda "a humildade do pároco nunca rendido às vestes do bispo, do cardeal, do Papa". O Papa era "simples, aberto, generoso, compreensivo e solidário".
"Não era um qualquer chefe de Estado amigo de Portugal", assinala.
Apesar de ter descoberto Portugal e, muito particularmente, numa fase tardia, em 2017, Marcelo destaca a sua "intensa ligação" ao país luso. Muito mais do que um "simbólico sucessor de quem legitimou Portugal como pátria independente", o Papa foi o "amigo tardio, mas intenso da nossa nação".
"Foi, talvez, a mais corajosa voz de entre os líderes espirituais dos últimos 12 anos na defesa da dignidade humana, paz, justiça, liberdade, igualdade, fraternidade, diálogo entre culturas e civilizações, da preferência pelos deserdados da periferia, pelos mais pobres, frágeis, sacrificados e excluídos", defende.
O chefe de Estado agradece, por isso, em nome dos portugueses, o "carinho que Francisco devotou a Portugal", destacando a sua presença assídua junto dos mais frágeis.
"Lembrar Francisco é prosseguir a nossa caminhada com ele", afirma.
O Papa Francisco morreu esta segunda-feira aos 88 anos, na sequência de um AVC. O funeral deverá decorrer dentro de um período de nove dias e o conclave para eleger o seu sucessor dentro de um mês. Durante esta fase, chamada Sede Vacante, caberá ao cardeal camerlengo, Kevin Joseph Farrell, gerir o quotidiano do Palácio Apostólico, não podendo ser tomadas decisões de relevo.
Certo é que o funeral será, por decisão de Francisco, mais simples que os dos seus antecessores, depois de o líder católico ter aprovado mudanças e a simplificação do ritual das exéquias para destacar o seu estatuto de fiel cristão face ao de chefe da Igreja Católica.
Francisco será também sepultado na igreja de Santa Maria Maior e não na cripta da Basílica de São Pedro, como tradicionalmente.
Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome pelo qual desejava ser conhecido numa homenagem a São Francisco de Assis, o santo dos pobres.