Marcelo pede "bom senso" a Montenegro, num país que "aprende com todos". Lembra "regresso a 2016" dos EUA pelo que UE deve "ganhar peso militar"
Na habitual mensagem de Ano Novo, o Presidente da República voltou a falar da "cooperação institucional" entre PR e PM. Lembrou ainda o regresso de Trump à Casa Branca
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Da penúltima mensagem de Ano Novo de Marcelo Rebelo de Sousa, fica o pedido a Luís Montenegro, em forma de aviso. O Presidente da República pede "bom senso" para a “cooperação estratégica” entre Belém e São Bento, que já “levou a aprovar Orçamentos”. O “regresso dos EUA a 2016”, com Donald Trump, deve levar a União Europeia a “ganhar peso militar próprio”.
Marcelo Rebelo de Sousa avisou também o Governo que “precisamos de menos pobreza e mais igualdade social e territorial”, depois de encerrado um ciclo em 2024, com o fim do Governo de António Costa, que se pautava pela “solidariedade institucional”.
“Precisamos que o bom senso que nos levou a reforçar a solidariedade institucional e até a cooperação estratégica entre órgãos de soberania, nomeadamente Presidente da República e primeiro-ministro, prossiga, e que nos levou também a aprovar os orçamentos 2024 e 2025, continue a garantir estabilidade, previsibilidade e respeito cá dentro e lá fora”, disse.
A imigração tem feito parte do debate político, também pela mão do Governo, o que já levou a oposição a acusar a Aliança Democrática de estar a utilizar a agenda do Chega. Marcelo pede que se afirme “a visão universal de Camões”.
“Aprendemos com tudo e todos, com todos, não temos o monopólio da verdade e não deitamos nada fora”, afirmou, numa aparente referência à imigração.
Em 2024 festejou-se também o cinquentenário do 25 de Abril, mas o Presidente da República entende que “evocar Abril é olhar para o futuro e não repetir o passado”.
“Precisamos de menos pobreza. A pobreza nos dois milhões de portugueses é um problema estrutural que a democracia não conseguiu resolver. Precisamos de mais igualdade social e territorial, precisamos de ainda mais educação, de melhor saúde, de melhor habitação”, insistiu.
Marcelo Rebelo de Sousa apela ainda a políticas para “melhores salários” para “corrigir desigualdades”, de forma a que “não se deixe que se aprofunde o fosso entre os jovens que avançam e os que não o podem fazer” e “entram em becos com poucas ou nenhumas saídas”.
UE deve “ganhar peso militar próprio”
De Portugal para fora, Marcelo Rebelo de Sousa lembra o regresso de Donald Trump à Casa Branca, depois das eleições que “deram o regresso a 2016, permitindo ao vencedor definir sobre a paz que quer, na Ucrânia como no Médio Oriente”.
“Uma paz justa, duradoura, respeitadora do direito internacional e do direito humanitário e, por isso, da dignidade das pessoas? Ou uma paz injusta, precárias e ignorando o direito das pessoas?”, questionou.
Donald Trump vai ter de escolher se quer “colaborar com a União Europeia” ou “dela afastar-se” pelo que os europeus, na opinião de Marcelo, devem fortalecer-se e “ganhar peso militar próprio”.
A União Europeia deve “manter-se unida, não deixar cair alianças e aliados, preparar-se para uma situação complexa a leste, ganhar peso militar próprio” em tempos de guerra às portas da Europa.
“Em 2025, o povo será o juiz supremo”
No ano que agora começa, os eleitores vão às urnas para decidir os novos autarcas que vão definir o futuro dos concelhos portugueses, e Marcelo Rebelo de Sousa volta a apelar ao voto daqueles que são “os juízes supremos”.
“Em 2025, o povo será o juiz supremo da nossa resposta perante tantos desafios. Desde logo, nas eleições para o poder local no fim do ano”, disse.
O Presidente da República acredita “na vontade experiente e determinada do povo português” que têm ido às urnas de forma recorrente nos últimos anos.