Marcelo pede “transparência” sobre quem gere comunicação social e Estado “não se deve alhear”
Na abertura do Congresso dos Jornalistas, o Presidente da República voltou a defender um acordo amplo entre os partidos e pede ao Estado que "não se alheie" do debate.
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Em tempo de crise no jornalismo, Marcelo Rebelo de Sousa não fala de casos concretos, mas avisa que tem de haver transparência sobre "quem lidera e gere o quê na comunicação social". O Congresso dos Jornalistas acontece numa altura em que o grupo Global Media, que detém a TSF, está em incumprimento salarial.
À entrada do congresso, um grupo de trabalhadores do Global Media Group (GMG) alertava para a crise no grupo, com a faixa em “luta pela defesa dos postos de trabalho”, quando a maioria dos trabalhadores continua sem acesso ao salário do mês de dezembro. Marcelo Rebelo de Sousa cumprimentou-os e, no discurso, deixou a mensagem.
“Que haja transparência no saber quem lidera e gere o quê na comunicação social. Com que projetos editoriais? Com que modelos? Com que perfis e viabilidade?”, questionou.
O Presidente da República não refere qualquer órgão de comunicação, mas é público que os proprietários do fundo sediado nas Bahamas que gere o GMG não são conhecidos.
E, em tempo de crise, o Estado também tem uma palavra a dizer, com Marcelo Rebelo de Sousa a apelar que “não se alheie nunca de um debate essencial”, mesmo sendo “diverso de quem em cada momento exerce funções em sua representação”. Até porque, lembra o Presidente, “há meios públicos históricos e muito importantes".
Marcelo Rebelo de Sousa continua a acreditar “num amplo consenso”, de regime, entre os partidos, para mudanças no financiamento do jornalismo. Quanto a respostas concretas, o Presidente não as dá, mas lembra que “o financiamento público dos partidos é uma forma de garantir que o financiamento privado não introduz discriminações”.
São necessárias “pistas e horizontes”. Alguns “são de emergência, para amanhã” e outros “de, pelo menos, médio prazo”.
E, na sessão de abertura do congresso, ficaram ainda palavras de apreço para os jornalistas, “sem os quais não há jornalismo”.
“Ninguém arreda pé. Compreendo-vos e admiro-vos por isso. Nunca tendo sido jornalista de carteira, fui, durante muitas décadas, de alma”, descreveu.
O Presidente da República trabalhou no semanário Expresso, foi comentador na TSF e em canais de televisão. Agora, falou perante uma plateia de jornalistas, mas também para governantes e dirigentes de partidos políticos.