Marcelo Rebelo de Sousa: "Lutar por valores para encontrar espaço para o Natal possível"

O Presidente da República começa por escrever que o Natal de todos é sempre "o possível" e não "o sonhado e idealizável". Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que aqueles que, sejam "crentes ou não crentes" no Natal, não podem ter um dia de Natal sem "a sua a vida de miséria, de fome, de guerra, de exploração e de sofrimento", igual aos restantes dias do ano.

O chefe de Estado afirma também que há comunidades e famílias que "não podem esquecer a doença, a prisão, um luto, uma ausência, uma saudade" nem no dia de Natal.

O Presidente, neste texto publicado na edição de 25 de dezembro do Jornal de Notícias, lembra que esteve, nos últimos dias, próximo de pessoas para quem o Natal possível é, "na verdade, impossível, ou quase".

Marcelo Rebelo de Sousa fala das comunidades portugueses residentes no exterior, "nos soldados que estão perto de guerras ou conflitos" e que evocam "gestos, textos, canções e comidas que possam matar saudades", referindo ainda as comunidades, em Portugal, "onde a pobreza e a solidão ainda encontram um esconderijo", sejam comunidades de cá, ou vindas "do outro lado do mundo".

O Presidente diz que "o Natal possível, fruto de esperança e insatisfação, é feito de luta por valores, princípios e causas concretas, como a dignidade, a liberdade e a igualdade".

Liberdade de ideias, de pluralidade de ideias e modos de agir, de tolerar e de aceitar a diferença e "de recusa pelo monopólio da verdade".

De igualdade "para superar descriminações injustas, os guetos, as exclusões e perpetuação da pobreza de geração para geração".

Marcelo Rebelo de Sousa pede aos que têm fé religiosa e fé no humano que "não deixem morrer estes e outros valores, para permitir encontrar um espaço para o Natal possível".