
Filipe Amorim/Lusa (arquivo)
Marcelo Rebelo de Sousa recusou comentar a polémica com o candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo
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O Presidente português afirmou esta segunda-feira em Luanda que "nunca teve relações minadas com ninguém", assegurando que essa é "a sua maneira de ser", e recusou comentar a polémica com o candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo.
"Já me perguntaram isso e já respondi uma vez. O Presidente, em funções, nunca lhe aconteceu ter relações minadas com ninguém. Não sei se é uma qualidade, se é um defeito, mas é assim", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas à chegada à residência do embaixador de Portugal em Luanda.
O chefe de Estado disse ainda que a sua maneira de ser é de cultivar "relações com toda a gente, independentemente das personalidades, das áreas políticas, religiosas, sociais, económicas".
"É a maneira de ser. A pessoa nasce assim e até à morte fica assim", acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda que "o Presidente não deve comentar nem os presidentes anteriores nem os seguintes" e que esse é "um bom princípio de funcionamento normal das instituições".
Questionado sobre as declarações de Gouveia e Melo, que o acusou de interferir na sua candidatura à Presidência da República, Marcelo reiterou que "o Presidente não comenta candidatos à sucessão".
A polémica surgiu depois de o candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo ter desmentido uma notícia da agência Lusa, publicada em 9 de novembro, segundo a qual teria afirmado que a sua candidatura à Presidência da República foi motivada por uma tentativa de Marcelo Rebelo de Sousa de o travar através da sua recondução como chefe do Estado-Maior da Armada.
Em comunicado, a candidatura de Gouveia e Melo considerou a informação "falsa e enferma de uma falta de rigor inaceitável", exigindo "a reposição da verdade dos factos". A direção de informação da Lusa reagiu, rejeitando e repudiou "as acusações de que a notícia em causa seja falsa e, muito menos, que a agência contribua para a desinformação ou tenha manipulado declarações de Henrique Gouveia e Melo", esclarecendo que o texto se baseou em excertos do livro "Gouveia e Melo - As Razões".
Nesse livro, o ex-chefe da Armada relata que decidiu candidatar-se a Belém depois de ler uma notícia no jornal Expresso que dava conta da intenção de Marcelo Rebelo de Sousa de o reconduzir no cargo para impedir o avanço da candidatura.
O chefe de Estado também recusou pronunciar-se sobre temas de política interna, como a greve geral convocada esta semana, salientando que "há caminho para fazer" e que "há um orçamento que está em votação até ao fim do mês de novembro".
O chefe de Estado, que hoje chegou a Luanda para as comemorações dos 50 anos da independência de Angola, fez um balanço positivo do seu encontro com o Presidente angolano, João Lourenço, referindo que "correu muito bem".
Disse ainda que Portugal e Angola vivem um "bom momento nas relações bilaterais" e acrescentou, no final, que "há fraternidade entre os povos e os Estados".
