Marcelo sobre MAI: "Admito que, quem acaba de chegar há dois meses, esteja a descobrir problemas e respostas a dar"
Reconhece, por sua vez, que "há reflexões a fazer" em matéria de incêndios, mas defende que o facto de Maria Lúcia Amaral rejeitar responder aos jornalistas, depois de convocar uma conferência de imprensa no domingo, também é algo com que "se aprende"
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O Presidente da República pronunciou-se esta terça-feira sobre o silêncio da ministra da Administração de Interna perante as perguntas dos jornalistas. Marcelo Rebelo de Sousa admite que, "quem acaba de chegar há dois meses" a uma função, ainda "esteja a descobrir os problemas e respostas dar".
Em declarações aos jornalistas, à margem do funeral do ex-autarca, Carlos Dâmaso, que morreu a combater as chamas na Guarda, o chefe de Estado afirma ainda que, nos primeiros anos em que iniciou funções, ouviu "coisas muito mais violentas" do que aquelas que têm sido ditas este ano em relação à atuação do Governo.
Reconhece, por sua vez, que "há reflexões a fazer" nesta matéria, mas defende que o facto de Maria Lúcia Amaral rejeitar responder aos jornalistas, depois de convocar uma conferência de imprensa no domingo, também é algo com que "se aprende".
Nesta declaração, sem direito a perguntas, a ministra avançou apenas que a situação de alerta devido ao risco agravado de incêndio foi prorrogada até às 24h00 desta terça-feira e anunciou também que Marrocos disponibilizou até quarta-feira os dois aviões Canadair enviados a Portugal no dia 10.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinha, por isso, que o papel da comunicação social "é fundamental" para esclarecer populações, mas ressalva que, "nem sempre quem está perante situações de sufoco é capaz de compreender isso e de responder em conformidade". Confessa que ele próprio teve de aprender isso mesmo.
Os fogos, que começaram em 2016, e a pandemia de Covid-19, diz, foram "as coisas mais dolorosas" vividas por Marcelo enquanto chefe de Estado, que considera ser "fundamental refletir" sobre situações como estas, no devido momento. Defende, nesse sentido, que o pacto de regime é "fundamental" para que possa haver um sistema conjunto "que vá aprendendo com as lições", que acrescenta já terem sido "muitas".
Terminada esta época, que nunca sabemos quando é que termina, é evidente que há reflexões a fazer. Porque se aprende com a nossa experiência e do estrangeiro. Há coisas a melhorar.
Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, num contexto de temperaturas elevadas que motivou a declaração da situação de alerta desde 2 de agosto.
Os fogos provocaram dois mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, na maioria sem gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ao abrigo do qual chegaram dois aviões Fire Boss para reforço do combate aos fogos.
Segundo dados oficiais provisórios, até 19 de agosto arderam mais de 201 mil hectares no país, mais do que a área ardida em todo o ano de 2024.
*Notícia atualizada às 21h09