Marcelo vê "aproximação" entre Portugal e China mas volta a falar dos direitos universais

Anselmo Crespo
Desta vez Marcelo não falou de Direitos Humanos, mas referiu a necessidade de cada nação afirmar "os seus pontos de vista", tendo presente uma "preocupação com a situação internacional" e defendendo sempre "os direitos internacionais e universais".
Na China, não se brinca em serviço. Meia hora antes da chegada de Marcelo Rebelo de Sousa ao Palácio do Povo, na Praça Tiananmen, os soldados são cuidadosamente alinhados e aprumados. Um fio estendido a todo o comprimento da formatura ajuda a alinhar as botas, todas à mesma altura. A seguir os cintos, todos à mesma altura. E, por fim, os chapéus, cuidadosamente alinhados por um oficial que passa revista às tropas, as vezes que forem precisas, até estar tudo, literalmente, na linha.
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Marcelo chega pontualmente à praça Tiananmen e já tem o Presidente chinês cá fora à sua espera. Apresentam-se as comitivas de cada país, tocam os hinos - primeiro Portugal, depois a China - e seguem-se as honras militares que, nos últimos dias, não têm dado descanso às forças armadas chinesas.
Minutos antes de chegar o Presidente português, tinha acabado de sair o Presidente do Nepal e, antes dele, muito outros a quem Xi Jiping foi dando as boas vindas e aproveitou para "vender" uma China mais aberta ao mundo.
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Marcelo já o tinha reconhecido, nos primeiros dias, em Pequim. Na Muralha da China disse que "a China mudou". Na conferência "Faixa e Rota" fez referência à importância do respeito pelos Direitos Humanos. Desta vez, cara a cara com Xi Jiping, Marcelo escolheu outras palavras para dizer a mesma coisa, quando se refere à afirmação dos "pontos de vista" por parte de ambos os países, preocupados "com a situação internacional, numa perspetiva multilateral, defensora dos direitos internacionais e universais, defensora das organizações internacionais, aberta à construção da paz, segurança e diálogo, e preocupada com a liberdade de comércio".
O Presidente da República portuguesa acrescenta que as relações entre Portugal e China têm sentido um "aprofundamento bilateral" e "uma aproximação de pontos de vista no plano multilateral e universal".
Acordos políticos assinados
Do encontro entre as duas comitivas, no Palácio do Povo, resultou a assinatura de três acordos de cariz político: um memorando de entendimento para o estabelecimento de um diálogo estratégico; outro para o ensino de língua chinesa no secundário em Portugal; e, por último, um acordo assinado com a AICEP para a cooperação em países terceiros.
Marcelo já o tinha pré-anunciado na intervenção que foi aberta à comunicação social e considerou que Portugal e China estão a conseguir "converter uma relação de séculos de amizade, conhecimento e colaboração numa realidade virada para o futuro". No ano em que os dois países celebram 40 anos do restabelecimento das relações diplomáticas, e 20 anos da transferência da administração de Macau, o Presidente português fala numa "subida de nível de cooperação, de uma parceria estratégica para uma declaração estratégica", mas também "do aumento e aprofundamento quanto à importância das relações económicas, culturais e sociais".
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Xi Jiping fala em avanços substanciais
O Presidente chinês foi o primeiro a falar, para agradecer a "receção calorosa do Governo e do povo português" em dezembro, e para sublinhar que teve uma troca de ideias com Marcelo que resultou em "vários consensos que se estão agora a transformar em resultados concretos".
Xi Jiping adianta que há "festivais culturais para celebrar 40 anos dos laços diplomáticos" que estão em curso, e que as duas partes conseguiram "avanços substanciais no projeto de lançamento do primeiro satélite português".
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O Presidente chinês encerrou com "as boas vindas calorosas" a Marcelo e resume as duas visitas de Estado - a dele Portugal e a do Presidente português à China - como "uma troca de visitas entre chefes de língua portuguesa e pátria portuguesa".
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