Maria de Belém apresenta oficialmente esta terça-feira à tarde a candidatura à Presidência da República. A TSF procurou testemunhos de amigos, que nunca lhe imaginaram um futuro político; e tentou conhecer a origem do nome Belém.
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É quase certo que nos próximos meses serão feitos vários trocadilhos. Não é frequente um político ou política ter o nome de um local que é sinónimo do cargo (e palácio) que pretende ocupar.
O nome, Belém, tem, no entanto, uma origem bastante mais simples: é uma homenagem a uma tia materna de Maria de Belém. Belém não era o nome da tia que morreu cedo, mas sim de uma aluna de quem esta gostava muito. A história é contada pela própria e não é muito conhecida, nem por amigos que andaram com a candidata presidencial na faculdade.
Um desses amigos é Manuel Lemos, atualmente presidente da União das Misericórdias Portuguesas, que conheceu Maria de Belém em 1966 no primeiro ano da Faculdade de Direito. "Éramos caloiros e fazíamos o mesmo percurso a pé pois ela vivia num lar católico para estudantes que ficava perto da minha casa", recorda.
Foram 5 anos de estudos nas mesmas salas da Universidade de Coimbra e Manuel Lemos fala numa jovem "aplicada, profissional, cuidadosa", mas sem demonstrar apetência pela política.
Outro colega e amigo que ficou desses tempos é José Miguel Júdice, conhecido advogado e antigo bastonário da Ordem, que confirma que nunca detetou em Maria de Belém uma grande atividade política, apesar de ter feito greve aos exames nas lutas estudantis do final da década de 1960.
Júdice admite que a entrada de Maria de Belém na política foi "uma surpresa" e nunca imaginou que esta se "orientaria" no meio, "o que demonstra que aquilo que se pensa aos 18 ou 20 anos raramente é igual ao que se faz a seguir".
"Discreta" e "tranquila" são palavras que os amigos usam com frequência para descrever a candidata a Presidente da República. José Miguel Júdice recorda mesmo que esta "nunca foi, nem é, espalha brasas", tendo feito um percurso "quase formiguinha, sem dar muito nas vistas, habituada a fazer consensos, humana e profissional".
Manuel Lemos faz uma descrição semelhante, mas acrescenta que, mais do que dar nas vistas, a "exuberância dela vem da lucidez e da inteligência". Católica, com vasta carreira na área social e da saúde (onde foi ministra), Maria de Belém é hoje presidente da Assembleia Geral da União das Misericórdias Portuguesas.
José Miguel Júdice também admira as qualidades de Maria de Belém, mas admite que nas presidenciais vai votar noutro amigo. Se Marcelo Rebelo de Sousa não tivesse avançado, Maria de Belém teria o seu voto. Assim, a sua escolha recai sobre o professor de Direito e comentador. O ideal, admite, "era que um fosse Presidente e o outro vice-presidente..."