Em entrevista na Manhã TSF, a antiga ministra das Finanças tece críticas a um Orçamento do Estado que considera ter falta de estratégia e ambição. E desconfia que vêm aí novos impostos.
Corpo do artigo
A antiga ministra das Finanças acusou na TSF o Governo de manter um imposto através de "uma tentativa de ilusão".
"Existe uma lei que está em vigor, e tanto quanto sei não foi revogada, que diz que a sobretaxa acaba a 31 de dezembro deste ano. Aquilo que o orçamento nos diz é que não, é que ela continua durante todo o ano de 2017 e que vamos ter uma coisa estranhíssima que são tabelas de retenção que são ajustadas ao longo do ano para parecer que ela desaparece. (...) Portanto, isto é uma tentativa de ilusão. Enfim, uma trafulhice", afirmou Maria Luís Albuquerque.
Na Manhã TSF, a antiga ministra das Finanças disse ainda desconfiar da criação de novos impostos, para fazer face a novas necessidades, o que considera "dramático".
"Quando aumentamos impostos indiretos generalizadamente e dando, sobretudo, essa perceção de que a cada nova reivindicação dos partidos que apoiam o Governo, e que seja necessária para assegurar a sua sobrevivência, será desencantado um novo imposto sobre qualquer coisa", considerou.
"Há novos impostos a serem criados para fazer face a exigências que vão surgindo e, portanto, sabendo nós que as exigências vão continuar, a perceção que temos é que há-de haver outros impostos para satisfazer essas exigências. E isso do ponto de vista da confiança é dramático", defende.
Para a vice-presidente do PSD, as consequências são claras: "a desconfiança, a incerteza, a instabilidade que isso introduz na formação de expectativas dos agentes económicos, consumidores e investidores, é algo que nos parece profundamente indesejável".
Maria Luís Albuquerque defende ainda que falta estratégia e ambição ao Orçamento do Estado (OE) para 2017, que só pensa a "curtíssimo prazo", mas diz que o PSD ainda vai decidir a forma como vai tratar o OE no debate da especialidade.
Listas de escusas e incompatibilidades
Na manhã TSF, a vice-presidente do PSD esclareceu ainda o que disse sobre as palavras de Rocha Andrade que ontem, em entrevista à TSF, falava numa lista de entidades sobre as quais alguns elementos do Governo não devem tomar decisões.
Maria Luís Albuquerque dizia ontem que faz sentido haver áreas sobre as quais os membros do Governo devem, desde o início, pedir escusa. Na manhã TSF, salienta que uma coisa completamente diferente são as incompatibilidades, já depois de se estar no Governo.
"Aquilo que é a experiência profissional das pessoas pode ter como consequência que alguns processos tenham uma situação de incompatibilidade e isso em si mesmo, quando é identificado, é algo que está previsto na lei e não tem problemas. Coisa distinta são as incompatibilidades que eventualmente se adquirem depois de as pessoas já estarem no Governo", afirmou.
Maria Luís Albuquerque garante que nunca invocou a escusa quando estava no Governo. Não vê também qualquer conflito de interesse pelo cargo que desempenha na empresa Arrow Global.