Ao anunciar a redução do Imposto Sobre Produtos Petrolíferos, Centeno criou uma "cortina de fumo". Uma estratégia que aprendeu com José Sócrates, diz Luís Montenegro na TSF.
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"Mário Centeno foi contagiado pela tática e pela técnica parlamentar de José Sócrates. É mais um aluno dessa estratégia de debate político."
Luís Montenegro avalia assim a postura do ministro das Finanças durante o debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2019, no Parlamento.
Com a anunciada descida no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP), Mário Centeno "um facto novo" que "sabia que ia gerar discussão e mediatização" para "cortina de fumo".
Assim, diz o social-democrata esta quarta-feira no programa da TSF "Almoços Grátis", o ministro encontrou um "álibi" para não falar de IRS, IMI ou impostos sobre empresas.
Além disso, a redução o ISP da gasolina com reposição do nível fiscal que vigorava antes do último aumento, em 2016, é apenas uma "meia medida" que até "vem tarde e a mas horas".
Carlos César admite que a questão do ISP é "uma questão cirúrgica".
Por um lado, a redução de três cêntimos não alivia muito a carteira do consumidor, mas para os cofres do Estado são "60 milhões vão à vida".
"Qualquer mudança tem impactos brutais na receita", por isso o Governo vai "vai até onde pode ir no beneficio às pessoas e empresas", vai até onde pode ir no "cumprimento das metas orçamentais".
A hora PSD
Se até aqui o debate do Orçamento de Estado para 2019 se concentrou na proposta do Governo, Luís Montenegro lembra que uma vez dado o "pontapé de saída", a bola fica está do lado da oposição.
"O debate da especialidade será a hora do PSD, a hora em que o PSD pode liderar a agenda do debate orçamental apresentando as suas propostas"
A oposição tinha prometido apresentar propostas alternativas e diferenças estratégicas e assim será.
Para Carlos César, a posição do PSD no debate da generalidade "causou perplexidade".
Oscilou entre acusar o Governo e o PS de ser "mãos largas, despesista e eleitoralista" e acusações de um OE "austeritário, que não baixa impostos, que não aposta nos serviços públicos".
"Estamos em presença de uma crítica e do seu contrário", condena. "O PSD faliu nesta discussão uma vez mais".
"É importante cumprirmos as metas orçamentais e continuarmos a reduzir a dívida e o défice", sublinha o socialista.
"Devia até ser considerado pelo Bloco de Esquerda e pelo Partido Comunista como um estado de crédito no plano internacional a uma experiência de governo à esquerda. Isso prestigiaria esta experiencia política" e salvaguardaria "a imagem" de Portugal.
A "atitude de confiança" tem muito a ver com o cumprimento de metas orçamentais e "quando faltar confiança, quando faltar estabilidade quando faltar um sentido estratégico as pessoas não confiam e não investem."
"Era importante que os parceiros compreendessem isso".
Com Anselmo Crespo e Nuno Domingues