Mário Soares recordado na abertura do Seminário Diplomático 2025. Paulo Rangel fala num mundo em “tempestade funesta”

Ana Paula Zacarias, embaixadora que atualmente preside do Instituto Diplomático, abriu o seminário anual promovido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e pela Fundação Oriente. O seu presidente, Carlos Monjardino, marcou presença na sessão inaugural, ao lado do MNE, Paulo Rangel, que advogou um “multilateralismo bilateralizado”.

O anfitrião Carlos Monjardino lembrou o papel ímpar de Mário Soares na diplomacia portuguesa, tendo sido o primeiro MNE di Portugal democrático e “um combatente pela liberdade e democracia”, como “o são hoje, António Costa e Ursula von der Leyen”.

José Manuel Durão Barroso, presidente da Aliança Global para as Vacinas, substitui Ursula von der Leyen (ausente devido a pneumonia severa) como orador principal na primeira tarde de trabalhos, no auditório do Museu do Oriente, em Lisboa. O ex-presidenta da Comissão Europeia está, aliás, ligado ao lançamento do Seminário Diplomático, há trinta anos.

Paulo Rangel, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, na sessão inaugural, chamou a este um “seminário de vésperas ou, para usar linguagem religiosa, de vigília”, face ao “momento de complexidade, incerteza e imprevisibilidade” no mundo, qual “tempestade funesta” sobre o “dia de amanhã”, citando Agustina Bessa-Luís. O MNE insistiu numa definição do país, a que volta com frequência: “Portugal é uma ilha rodeada de mar e de Espanha por todos os lados.”

Rangel não deixou de destacar as comunidades de emigrantes portugueses em Moçambique e na Venezuela, pelo momento difícil que estão a viver e defendeu um “multilateralismo bilateralizado”, acrescentando que “não há uma boa diplomacia multilateral sem uma forte diplomacia bilateral”.