Marques Mendes critica câmara de Loures por "falta de sensibilidade" nas demolições
“Parecia-me mais sensato, primeiro, encontrar um alojamento temporário e provisório para aquelas famílias e só depois fazer as demolições”, defende o candidato à corrida a Belém
Corpo do artigo
O candidato presidencial Luís Marques Mendes criticou esta quarta-feira a Câmara Municipal de Loures pelo modo como conduziu o processo de demolição de habitações ilegais no Bairro do Talude Militar, considerando que “faltou sensibilidade e bom senso”.
O antigo líder do PSD reconheceu que as construções demolidas eram ilegais, mas sublinhou que durante anos as autoridades e a autarquia de Loures foram "coniventes com aquela situação”.
“Parecia-me mais sensato, primeiro, encontrar um alojamento temporário e provisório para aquelas famílias e só depois fazer as demolições”, afirmou, sublinhando que a opção tomada “foi exatamente o contrário” e revela "falta de sensibilidade política".
As autarquias de Loures e Amadora promoveram esta semana operações de demolição de barracas e habitações ilegais, desalojando várias famílias nos dois concelhos.
Loures iniciou na segunda-feira uma operação de demolição de 64 barracas, onde vivem 161 pessoas, no Bairro do Talude Militar.
No primeiro dia foram demolidas 51 construções, tendo a suspensão das operações sido decretada no segundo dia pelo Tribunal Administrativo de Lisboa na sequência de uma providência cautelar interposta por 14 moradores.
Na Amadora, na Estrada Militar da Mina de Água, no antigo bairro de Santa Filomena, está prevista a demolição da totalidade das 22 construções ilegais, onde viviam cerca de 30 adultos e 14 crianças e jovens.
Questionado sobre o reaparecimento deste tipo de bairros na Área Metropolitana de Lisboa, Luís Marques Mendes defendeu que a habitação deve ser uma das grandes prioridades nacionais.
“Não há milagres no domínio da habitação”, afirmou, sublinhando que o mercado de arrendamento “está pelas ruas da amargura” e que seria “de elementar bom senso” alcançar um acordo partidário para restaurar a confiança nesse setor.
Durante a sua participação na Feira Internacional de Empreendedorismo e Inovação, realizado em Santarém, Luís Marques Mendes abordou também a situação da saúde, apontando a realidade da Península de Setúbal como “completamente anormal”, face ao encerramento das urgências de obstetrícia nos hospitais de Almada, Setúbal e Barreiro.
“Porque não juntar os meios num único hospital e garantir um serviço aberto 24 horas por dia? Isso seria de bom senso”, afirmou, dirigindo um apelo direto à ministra da Saúde.
O candidato defendeu que as duas grandes prioridades do país devem ser a habitação e a saúde, e criticou o que considera ser a falta de soluções práticas.
“Tenho dificuldade em perceber como é que coisas simples e óbvias não se fazem. Os portugueses estão fartos de trico-trico político. É tempo de privilegiar soluções”, afirmou.
Ainda sobre a saúde, Marques Mendes lamentou que “questões burocráticas, bairrismos e lutas partidárias” estejam a impedir soluções “simples e eficazes”.
“O mais importante são os utentes — e neste caso, as utentes. A Península de Setúbal é provavelmente a zona mais pobre do país. Merece mais atenção, mais cuidado e mais sensibilidade”, concluiu.