Marques Mendes e as ideias para o país quando "está mais próximo" de decidir corrida a Belém
Antigo líder do PSD e conselheiro de Estado sublinha importância de um presidente mediador num espaço político fragmentado no dia em que diz estar "mais próximo" de decidir se é candidato a Belém. Na Universidade de Verão do PSD, Marques Mendes apresenta a visão que bem podia ser um manifesto presidencial.
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Vinte e nove de agosto de 2024 é um dia para registar. Não, não houve nenhum anúncio, mas pode ter sido o esboço público de um manifesto presidencial de Luís Marques Mendes: "um país mais rico, mais justo e mais culto".
Antes de chegar à Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, Marques Mendes já tinha sinalizado a disponibilidade para responder a perguntas dos jornalistas o que, numa semana em que tanto se falou das presidenciais de 2026, propiciava perguntas sobre o tema. Assim foi: "vai desfazer o tabu? Vai ou não ser candidato às presidenciais?"
"Estavam à espera que eu anunciasse alguma coisa?", questiona um sorridente Marques Mendes que não, claro que não anunciou nada, mas mostrou que trazia a ideia bem estudada da mensagem a transmitir: não fazer comentários sobre quaisquer nomes apontados à corrida a Belém e informar que, "talvez, esteja mais próximo do que nunca de tomar uma decisão". Ou seja, Marques Mendes foi até Castelo de Vide para marcar terreno.
E segue Marques Mendes, durante o jantar-conferência com os alunos, a olhar para o futuro, sublinhando à cabeça a "ambição de criar um novo país mais rico, mais justo e mais culto". Quase como que criando um lema de candidatura, uma vez que o disse e repetiu durante o serão.
Neste quase manifesto, o antigo líder do PSD deixa claras algumas prioridades para os próximos anos: um Portugal vencedor - "vamos para onde for, não é para competir, é para vencer"; com jovens - "precisamos de estancar este cancro absolutamente inaceitável de que os nossos melhores jovens fogem para o estrangeiro"; com inovação - "investir mais na tecnologia e, sobretudo, na inteligência artificial"; com menos impostos - "que se avance para um novo acordo social, governo, empresários, e sindicatos, com este objetivo de baixar impostos"; e com imigrantes - "sem imigrantes ficamos um país mais pequeno".
Durante as perguntas dos alunos, foram várias as referências mais ou menos diretas a Belém e, numa das respostas sobre o papel de um Presidente, nota Marques Mendes que, com a fragmentação crescente, "é óbvio que o Presidente da República pode e deve ter um papel cada vez mais importante de mediação, de arbitragem, de aproximação de posições". "Não sendo fácil, é necessário", vinca.
Além disso, com dificuldades para que partidos se entendam, defende o conselheiro de Estado que é preciso "acabar com esta ideia de que a política é semelhante ao futebol, de que o nosso partido é igual ao nosso clube de futebol: não, a política não é um jogo".
Durante o jantar, nem a política externa escapou: "A Rússia não pode ganhar esta guerra e o senhor Trump convém que não ganhe as eleições nos Estados Unidos. Se não, a Europa fica entalada entre a ameaça de um lado e a ameaça do outro lado".
Antes de seguir viagem, o candidato a candidato, Luís Marques Mendes, não saiu de Castelo de Vide sem tirar várias selfies com os alunos que o procuraram no fim do jantar. Ao melhor género do atual inquilino do Palácio de Belém.