Marques Mendes "representa tudo o que é mau". Ventura acusa PSD de formar "acordo de aproveitamento político-mediático"
André Ventura afirma que a candidatura de Marques Mendes representa a "cedência ao lobismo, aos interesses de corredores e bastidores e àquilo que é a podridão do sistema partidário que há 50 anos domina Portugal"
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O presidente do Chega acusou esta segunda-feira o também candidato às eleições presidenciais de 2026 Luís Marques Mendes de ter formado um "acordo de aproveitamento político-mediático" com o atual primeiro-ministro. Após a aposta do PSD em Sebastião Bugalho para as europeias, André Ventura acusa o Governo de ter adotado uma "nova estratégia" que consiste em "comprar e condicionar comentadores".
"A candidatura do comentador e antigo líder do PS de Luís Marques Mendes representa a todos os títulos uma traição àquilo que o eleitorado de centro-direita e à direita portuguesa representam. Ficou claro o que muitos de nós suspeitávamos: que tinha existido um acordo mais ao menos escondido entre Marques Mendes e Luís Montenegro para uma ajuda mútua de percurso político", denunciou, em declarações aos jornalistas.
Marques Mendes, alegou, "ajudaria no comentário político fundamental persistente" à candidatura de Luís Montenegro à liderança do Governo, enquanto que este "manteria o acordo de apoiar Marques Mendes para uma candidatura presidencial, mesmo sabendo que os seus números são maus, que não representa o eleitorado de direita e que foi um dos principais suportes mediáticos do Governo de António Costa ao longo dos últimos anos".
O líder do Chega acusou Luís Montenegro, que já demonstrou o seu agrado com a candidatura do social-democrata à corrida a Belém, de se ter aproveitado da "visibilidade" de Marques Mendes - que "sempre foi um lacaio de Marcelo" - para "fazer campanha política na televisão, enquanto lhe prometia apoio". Insistiu que hoje não tem "dúvidas" de que ambos procuraram tirar proveito de uma "situação política vantajosa do aproveitamento político-mediático de um espaço de televisão e de comentário semanal" e sublinhou que o ex-líder do PSD tinha garantido que não iria seguir "outra agenda que não fosse a agenda de comentador",
Ventura afirmou que a candidatura de Marques Mendes "reforçou ainda mais a ideia fundamental" de uma candidatura "alternativa" à direita para as presidenciais de 2026. Indo mais longe, o líder do partido de extrema-direita argumentou que o avanço de Luís Marques Mendes era a única "solução" para evitar a candidatura de Pedro Passos Coelhos ou de "outros da área do PSD".
Esta, disse, parece ser a "nova estratégia" do Governo: "comprar e condicionar comentadores", dando como exemplo o caso de Sebastião Bugalho. Esta visão, garantiu, "está à vista de todos", já que está a ser dada continuidade a um "circulo fechado de uma bolha mediática que já não representa ninguém".
Defendeu ainda que o ex-líder do PSD "representa tudo o que é de mau na política" e não poupou nas críticas ao social-democrata, que acusa de representar a "cedência ao lobismo, aos interesses de corredores e bastidores, a cedência àquilo que é a podridão do sistema partidário que há 50 anos domina Portugal".
"Luís Marques Mendes representa tudo o que sistema partidário procurou ou deveria ter mudado nos últimos anos: a falta de coragem de ir a votos, a promiscuidade com os vários ciclos do poder - fossem eles socialistas ou social-democratas -, a ligação aos interesses obscuros das empresas e daqueles dominam Portugal, a equiparação ao politicamente correto permanente, que levou a que durante anos se apresentasse no comentário político como alguém isento, mas que, na verdade, estava a construir as bases de uma candidatura presidencial", atirou.
André Ventura defendeu assim que nenhuma candidatura além da sua "pode alguma vez representar um eleitorado contra a imigração legal, corrupção e a favor da segurança coletiva".
"A existência de duas candidaturas à direita deixam uma decisão óbvia para fazer nos próximos meses", concluiu.
O antigo líder do PSD e conselheiro de Estado Luís Marques Mendes vai apresentar a candidatura a Presidente da República na próxima quinta-feira, dia 6 de fevereiro, em Fafe (Braga).As eleições presidenciais vão realizar-se no final de janeiro do próximo ano.
Já André Ventura vai anunciar a sua candidatura à corrida a Belém em 28 de fevereiro.