Maternidade pediu combustível "com urgência" durante apagão, Governo solucionava com motoristas de ministros
A capacidade do depósito da Maternidade Alfredo da Costa só permite ter energia para cerca de cinco horas. O ministro Castro Almeida revela que o Executivo recebeu informação de que a unidade de saúde só tinha combustível para uma hora
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O ministro da Coesão Territorial, Castro Almeida, afirma que o Governo recebeu a informação oficial de que a Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, só tinha “gasóleo para alimentar os geradores por mais uma hora” e, por isso, uma das soluções equacionada foi enviar combustível em carros de ministros. A Unidade Local de Saúde São José adianta que pediu “com urgência” o abastecimento de combustível para manter os geradores a funcionar durante o apagão.
Ao início da tarde, num debate da RTP com o deputado socialista António Mendonça Mendes, o ministro da coesão territorial disse que a maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, vivia um período complicado e “era preciso garantir que lá chegava o material dentro de uma hora”.
Como “o trânsito estava caótico e era preciso garantir que o material lá chegava”, a “solução” foi dizer para os motoristas dos ministros levarem o “gasóleo que têm nos seus automóveis para a maternidade”, explicou.
Questionado porque é que não foi feito o mesmo com outros hospitais, Castro Almeida disse que era na MAC onde “havia maior risco” e que a prioridade do Governo foi “garantir que não havia crianças a morrer”.
A solução acabou por não ser necessária.
Num esclarecimento escrito enviado à TSF, a Unidade Local de Saúde São José (Lisboa), onde está integrada a MAC, a maior maternidade do país, explicou que capacidade do depósito de combustível do gerador é de 400 litros, “o que, com o depósito cheio, permite ter energia para aproximadamente cinco horas, dependendo do consumo”.
“Na segunda-feira, na sequência da falha de energia, esse consumo foi reduzido em zonas não prioritárias, tendo sido solicitado, com urgência, o abastecimento de combustível para manter o grupo gerador em funcionamento”, justifica.
De acordo com a ULS São José, a “maior dificuldade” foi verificada no transporte de combustível para a MAC, “situação que foi ultrapassada em tempo útil”.
Ainda assim, reforça que não foram registadas nas suas unidades – MAC, Hospital Dona Estefânia, Hospital Curry Cabral, Hospital de Santo António dos Capuchos, Hospital Santa Marta, Hospital São José e Hospital Júlio de Matos – qualquer momento crítico na prestação de cuidados durante a falha de energia.