José Matos Correia abandonou, esta quinta-feira, a presidência da Comissão Parlamentar de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD). Ferro Rodrigues "lamenta, mas compreende".
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"Não estou disponível para, com o meu silêncio, pactuar com atitudes que violam a lei, que são atropelo à democracia e que põem em causa o normal funcionamento de uma comissão", disse, em conferência de imprensa, Matos Correia, que deixa o lugar de presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito à CGD está de saída.
Poucos minutos antes, Matos Correia esteve reunido com o presidente da Assembleia da República (AR), para comunicar a decisão.
Fonte da presidência da AR adianta que Ferro Rodrigues "lamenta, mas compreende", sublinhando que o presidente tem "admiração e simpatia" pela figura de Matos Correia.
O líder da Assembleia da República também já falou com Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD que, ainda esta tarde, tomará uma decisão sobre esta matéria.
O social-democrata tinha explicado, na quarta-feira, que tinha dúvidas de que os direitos das minorias parlamentares na comissão - ou seja, PSD e CDS-PP - estivessem a ser respeitados.
"Foi patente uma tentativa, que eu considero contrária à lei, de limitar o objeto da comissão, por força de uma decisão e de uma interpretação por parte dos grupos parlamentares maioritários que, sistematicamente esvaziaram o objeto da comissão", acrescentou.
Matos Correia lamenta ainda que, desde início, os trabalhos tenham sido marcados por uma "enorme acrimónia política".
Nesse sentido, Matos Correia garante que não se demite por "conflitos políticos ou confrontos partidários", mas por "princípios", defendendo que se algo de semelhante acontecer, no futuro, numa outra comissão, existe o risco de estas perderem o sentido.
"As comissões parlamentares de inquérito correm o risco de desaparecer porque a sua utilidade está posta em causa", disse.