"Meia hora depois." Acusada pelo Ministério Público, deputada municipal do Chega em Loures renuncia ao mandato
"A acusação é 2014, 2015, 2016 e 2017, altura em que a doutor Manuel Dias era presidente de Junta de Freguesia eleita pelo Partido Social Democrata", defende-se Bruno Nunes, em declarações à TSF
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A deputada municipal eleita pelo Chega em Loures Manuela Dias renunciou esta segunda-feira ao mandato, depois de noticiada a acusação do Ministério Público pelo crime de participação económica em negócio.
A notícia foi avançada pelo Observador e o candidato do Chega à Câmara de Loures, Bruno Nunes, confirma à TSF que a deputada municipal já renunciou ao cargo.
"Eu falei com a doutora Manuela Dias hoje [segunda-feira] às 16h30. Tive esta informação e, por isso, imediatamente disse à doutora Manuela Dias que, tendo em consideração que ao termos conhecimento que esta situação tem mais de dez anos, porque, pelo que eu percebi, a acusação é 2014, 2015, 2016 e 2017, altura em que a doutor Manuel Dias era presidente de Junta de Freguesia eleita pelo Partido Social Democrata, mas, no entanto, estando agora como nossa deputada municipal e sendo o Chega completamente alheio a esta situação, que achava que deveria de imediato pedir a denúncia do mandato. A doutora Manuela Dias disse-me de imediato que assim o faria, porque não queria que o nome do partido ficasse ligado a esta situação", conta à TSF o dirigente do Chega.
Na altura do alegado crime, Manuela Dias era presidente da União de Freguesias de Moscavide e Portela e tinha sido eleita por uma coligação encabeçada pelo PSD.
Mas a ligação ao Chega, para o deputado, ficará: "Já sabíamos que era óbvio que ficaria pelo facto da atualmente ser nossa autarca, mas, ao que julgo saber, inclusive já foi enviada para a Assembleia Municipal, ao cuidado da presidente da Assembleia Municipal, a informação para renúncia de mandato."
Questionado sobre se o caso não deveria ter sido verificado antes de colocar Manuela Dias nas listas do Chega, tal como noutros casos que têm envolvido o partido, Bruno Nunes recusa a ideia.
"Manuel Dias só agora foi acusado, ao final de dez anos. Portanto, eu mesmo que tivesse feito a verificação dos factos na altura da candidatura, em 2021, nunca teria absolutamente nada para poder retirar ou colocar a doutora Manuela Dias nas listas. Uma coisa são casos públicos, o caso tutti frutti nós já conhecíamos há muitos anos, já sabíamos os indícios que existiam. Este não. Este sabemos passados 10 anos que existe uma acusação, que remonta ao tempo em que era dirigente do PSD e agora finalmente só vem à luz do dia, porque autarca do Chega ou quando é", disse Bruno Nunes.
Mas recua na argumentação: "Não vou dizer que é porque autarca do Chega, mas quando é autarca do chega. Mas a realidade é que há três ou quatro anos, se confrontasse a doutora Manuel Dias, nem a doutora Manuela Dias aparentemente tinha conhecimento da acusação, porque a acusação é posterior a isso. Portanto, só agora, só hoje é que tenho conhecimento dos fatos. Meia hora depois de termos conhecimento dos fatos, solicitamos a renúncia de mandato."
