Miguel Costa Matos despede-se da JS: Costa deixou "motivos para indignação" e futuro da jota será "nas ruas"
Em entrevista à TSF, o secretário-geral cessante da JS faz o balanço do mandato e prevê “tempos difíceis” na oposição
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Miguel Costa Matos despede-se este fim de semana da liderança da Juventude Socialista (JS), ao fim de quatro anos e de dois mandatos como secretário-geral. O trajeto fez-se quase na totalidade com o PS no poder, mas o também deputado admite que, no tempo de António Costa, houve vários motivos para que os jovens “ficassem indignados”. Ao sucessor (ou sucessora) deseja “coragem” e prevê que a JS vai passar mais tempo “nas ruas”.
Ao fim de quatro anos, em que “não quis que a JS fosse apenas uma escola de futuros políticos”, destaca a aprovação de propostas como “a lei de bases do clima, o direito a desligar, o aumento das bolsas ou a devolução das propinas”. Nota, no entanto, que para muitos jovens “o PS não é a força da mudança”, até pelos tempos de António Costa “em que se fez muito”, mas também ficaram “muitos motivos para indignação”.
Em entrevista à TSF, Miguel Costa Matos desafia o sucessor (Sofia Pereira ou Bruno Gonçalves) a tornar a JS “a resposta para essas indignações”, até para combater “os populismos” e “a extrema-direita” que recebe os votos de muitos jovens.
Com o PS na oposição, os jovens socialistas perdem margem para aprovar medidas na Assembleia da República, pelo que “o futuro terá de ser diferente” e exige uma “JS diferente”, ou seja, “mais ativista”. Miguel Costa Matos prevê que os jotas do PS vão “fazer uma luta mais nas ruas, por exemplo, junto ao associativismo”.
Aos que dizem que a JS perdeu força nos últimos quatro anos, o deputado socialista mostra-se “surpreendido”, e garante que “em termos de inscrições há uma mobilização que há muito que não se via”. Espera, por isso, que a futura liderança “construa a partir da estrutura que deixou” e “não renegue o passado”.
Miguel Costa Matos sucedeu a Maria Begonha, em 2020, e concluiu dois mandatos na jota socialista - deixa o lugar ao atingir o limite de idade. O sucessor será escolhido numa disputa interna que não se via há quase 20 anos.