Marçal Grilo, antigo ministro da Educação, avisou esta quinta-feira que "o ministério cometerá um enorme erro se diminuir a pressão e o incentivo à leitura". Ouvido pela TSF, o ex-governante mostrou-se convicto que o Governo não vai colocar de lado o PNL e a RBR, mas aconselhou Fernando Alexandre a comunicar melhor
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A reforma no Ministério da Educação, Ciência e Inovação prevê a extinção de várias entidades, a serem integradas em novas agências. É o caso do Plano Nacional de Leitura (PNL) e da Rede CD Bibliotecas Escolares (RBE), que deverão ser integrados no Instituto de Educação, Qualidade e Avaliação. O ministro da tutela, Fernando Alexandre, tem feito questão de salientar que os projetos não vão ser extintos. Ainda assim, tem crescido a preocupação na sociedade civil sobre a reestruturação do ministério.
"Dá-me a sensação de que o que está a acontecer tem como objetivo de limitar o perímetro da ação do Estado, o que não é propriamente muito preocupante para a continuidade dos projetos. Agora, se isto significa que o PNL e a RBE passam a ser um objetivo secundário, relativamente às questões da Educação, nesse caso será negativo", defendeu Marçal Grilo, considerando que Fernando Alexandre deve comunicar melhor.
Outro aspeto importante para o antigo ministro socialista da Educação está relacionado com o financiamento, num país onde "os níveis de leitura são muito baixos: "Uma redução, na minha opinião, será negativa. Espero que não haja redução de financiamento."
Apesar de não estar excessivamente preocupado com os planos do Governo nesta área, Marçal Grilo defendeu que "vale a pena lutar" e alertou: "O Ministério cometerá um enorme erro se diminuir a pressão e incentivo à leitura."
Acho que um dos maiores défices que o país tem, a todos os níveis, é a falta de leitura. Não é só dos alunos, é dos adultos, dos políticos... Lê-se muito pouco. Os níveis de leitura em Portugal são muito baixos.
A questão em torno do PNL e da RBE já levou ao lançamento de uma petição em defesa da autonomia, orçamento e impacto dos dois projetos, que reúne quase nove mil assinaturas.
