Ministra admite que caso do bebé que nasceu na receção de hospital afeta "confiança no SNS" e aguarda por investigação
Ana Paula Martins refere que as reformas no SNS "têm de devolver aos portugueses a confiança de que nascer em segurança é uma realidade em Portugal"
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A ministra da Saúde admitiu, esta quarta-feira, que casos como o do bebé que nasceu na receção do Hospital Santos Silva, em Gaia, e bateu com a cabeça no chão tem consequências na "confiança" que os portugueses têm no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A unidade de saúde está a investigar o que se passou e, na terça-feira, recusou que tenha existido negligência. Também a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde abriu um inquérito ao caso.
Ana Paula Martins adiantou que "o hospital tem os mecanismos que já foram acionados para fazer o reporte daquilo que aconteceu com aquela senhora" e aguarda pelos resultados da investigação: "Porque é que aconteceu aquilo, se estávamos dentro de um hospital? A própria IGAS fez imediatamente a abertura de um processo."
"É óbvio que não podemos passar o nosso tempo em inquéritos e processos. O que queremos é que o Serviço Nacional de Saúde funcione bem, situações como esta têm impacto na confiança que os portugueses têm no Serviço Nacional de Saúde, sobretudo na área da obstetrícia. Estas reformas têm obrigatoriamente de devolver aos portugueses a confiança de que nascer em segurança é uma realidade em Portugal", sublinhou.
Com a campanha para as autárquicas no terreno, a ministra entende que as questões da Saúde estejam em cima da mesa e garante que "não falta autoridade política à ministra para tomar as decisões que precisa de tomar, não falta energia e não falta vontade".
Ana Paula Martins assegura estar tranquila em relação à avaliação que o Presidente da República está a fazer sobre os problemas na área da Saúde: "Um governante não comenta as palavras do Presidente da República. Estou muito tranquila com a avaliação que os portugueses fazem das políticas que estamos a implementar e isso chama-se humildade democrática. Temos de estar disponíveis para as críticas, ter a humildade de as aceitar, de as interiorizar e de melhorar sempre a nossa ação. É fundamental, mas não podemos perder o foco e não podemos perder a energia relativamente àquilo que é a missão que temos e, por isso, estou muito tranquila."
Um bebé nasceu, no sábado, na receção da urgência do Hospital Santos Silva, naquela que foi a segunda vez que a mãe se deslocou a este serviço.
O caso foi noticiado pela RTP, que avançou que o pai da criança já apresentou queixa a várias entidades, porque o bebé terá caído de cabeça no momento da expulsão, enquanto a mãe fazia a admissão.
À Lusa, a administração da ULSGE rejeitou que a grávida não tenha recebido assistência, descrevendo que, “num primeiro momento, foi assistida na sala de emergência”, um espaço “contíguo à área de receção constituído por médico e enfermeiros”.
A ULS admitiu que a grávida recorreu ao serviço de urgência do Santos Silva pelas 16h30, tendo sido feito um CTG (cardiotografia, exame que monitoriza a frequência cardíaca fetal e as contrações uterinas da mãe) “onde se verificou que a utente não se encontrava em fase ativa de trabalho de parto, não sendo previsível uma alteração do quadro tão súbita”.
“Considerando a curta distância entre a residência e o hospital, menos de 10 minutos, e de acordo com as recomendações da Especialidade de Obstetrícia, aplicámos o procedimento habitual: indicação de regresso a casa, com retorno à urgência em caso de alterações no quadro clínico”, referiu a ULSGE.
Segundo o hospital, às 19h59, quando regressou, “durante admissão, procedimento administrativo cuja duração é de três minutos, deu-se o parto, sendo que a grávida foi pronta e instantaneamente assistida pela equipa de emergência”, concluiu.
