"Ministra da Saúde desiste do INEM e a solução, aparentemente, é privatizar a prestação da emergência médica"
Pedro Nuno Santos afirma que o Governo tem "irresponsáveis, além de incompetentes, a governar o país". Desafia ainda o Executivo e o PSD a avançarem se vão ou não aprovar a proposta do PS para aumentar as pensões dos reformados
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O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, afirmou este sábado as palavras da ministra da Saúde provam que "desiste do INEM", revelando ainda ter a suspeita de que o Governo quer "privatizar a emergência médica".
"A senhora ministra disse que queria que o INEM fosse apenas um coordenador e não prestador. Mais uma vez, está aqui todo um programa político, porque os partidos de direita, quando não conseguem resolver problemas de Estado e do Estado, a solução que têm sempre para apresentar é privatizar e, aquilo que nos deparamos, com essa afirmação da ministra, é que ela desiste do INEM e a solução, aparentemente, ainda não explicou bem, é privatizar a prestação da emergência médica em Portugal", afirmou, em declarações aos jornalistas.
O líder socialista reconheceu que "parte" dessa assistência já é feita pelos bombeiros e Cruz Vermelha, mas traça a linha com a "privatização da emergência médica" em Portugal.
Indo mais longe, o socialista defendeu mesmo que o Governo tem "irresponsáveis, além de incompetentes, a governar o país", acusando-os de estarem "concentrados no jogo político", frisando que o PS tem um comportamento diferente. Pedro Nuno Santos pediu, por isso, ao Executivo que avance se vai ou não aprovar a proposta dos socialistas para aumentar pensões, reafirmando, contudo, que a aprovação do Orçamento não está em risco.
"Estamos concentrados em resolver os problemas dos portugueses e aquilo que interessa em matéria de orçamento, que é a única questão verdadeiramente importante que ainda não teve resposta, é se o Governo e o PSD vão aprovar a nossa proposta para aumentar as pensões dos nossos reformados. Aquilo que espero neste momento é que o PSD e o Governo rapidamente digam se apoiam ou não a proposta do PS para aumentar as pensões dos nossos reformados", reforçou.
Pedro Nuno Santos insistiu, por isso, que quer ver o Executivo liderado por Luís Montenegro a mostrar "competência, vontade de resolver os problemas e, sobretudo, empatia para com os problemas das pessoas".
"Se sentirem simpatia com os problemas dos outros, de certeza que conseguirão encontrar as boas respostas e nós não sentimos isso", lamentou.
Pedro Nuno Santos deixou no entanto claro que a viabilização do Orçamento do Estado não está em causa seja qual for a decisão do PSD e do Governo, assegurando que esse assunto está ultrapassado e que o PS já definiu o seu sentido de voto.
"Nós não vamos fazer nenhuma chantagem com nenhum partido político nem com o Governo. O que esperamos, obviamente, é que o Governo e o PSD apoiem o aumento das pensões, porque se estavam disponíveis para reduzir o IRC em dois pontos percentuais e portanto em perder 600 milhões de euros de receita fiscal, espero bem que tenham menos do que 300 milhões para aumentarmos as pensões dos nossos reformados", afirmou.
O socialista referiu ainda que os pensionistas ganham pouco, defendendo que há uma obrigação de aumentar as pensões e disse que espera que até ao momento em que se vote na especialidade o aumento das pensões dos reformados, "o PSD não falte ao país, não falte aos reformados".
O secretário-geral apontou ainda o dedo ao ministro da Presidência, Leitão Amaro, criticando as palavras que dirigiu aos trabalhadores da CP, considerando-as "ofensivas".
"Não é só a ignorância deste ministro e deste Governo no que diz respeito à ferrovia, é todo um programa na forma como olham para os trabalhadores. Uma declaração profundamente ofensiva, sem respeito e sem empatia para com o outro: esta é uma marca deste Governo e isso preocupa-nos profundamente", assumiu.
O socialista entende, ainda, que o Governo, "em nome da classe média", tem trabalhado "para uma minoria": "E é isso que faz sistematicamente, sem um grande respeito por quem trabalhou uma vida inteira."