O consumo urbano vai sofrer um corte de 15% e na agricultura chega aos 70%.
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O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, esteve esta sexta-feira reunido durante mais de três horas com os autarcas do Algarve para fechar uma série de reuniões que tem feito sobre medidas para gerir as reservas de água da região e os cortes a efetuar no abastecimento.
As medidas da comissão interministerial da seca, que vai reunir-se em Faro, só são conhecidas na próxima semana, mas já há decisões tomadas, com o Ministério do Ambiente a trabalhar sobre um cenário pessimista em que a precipitação neste inverno seja a pior dos últimos dez anos.
O consumo urbano vai sofrer um corte de 15%, sendo que o turismo é responsável por 40% desta utilização de água. Já no setor doméstico, explicou o ministro, a medida “mais evidente” é a da redução da pressão.
“Vamos analisar tecnicamente nos meses de janeiro e fevereiro para perceber se depois, com segurança, conseguimos aplicar à frente”, garantiu aos jornalistas.
A agricultura sabe, desde já, que vai ser o setor mais afetado e Duarte Cordeiro explicou que, apesar de muitas zonas agrícolas ainda se abastecerem por furos, as que vão buscar água às albufeiras do Funcho-Arade e Odeleite já têm o destino traçado: na primeira, a disponibilidade de água vai ser reduzida “em 50%” e na segunda "em 70%”.
No ano passado, apontou o ministro, a agricultura "consumiu cerca de 135 hectómetros cúbicos de água, dos quais só 35 vieram das albufeiras. Portanto, estamos a reduzir de 35 hectómetros cúbicos, que foi o consumo das albufeiras da parte do setor urbano, para cerca de 12 da parte, obviamente, das albufeiras”.
Embora a comissão interministerial da seca só se reúna na próxima semana, os projetos a médio e longo prazo vão começar a avançar, com Duarte Cordeiro a indicar que o concurso para a construção de uma dessalinizadora “vai abrir em janeiro” e o estudo de impacto ambiental "vai estar concluído em abril”.
Já o concurso para a captação de água do Guadiana no Pomarão deve abrir “em setembro”.
"Quero também dizer que, entre a ligação do Pomarão e a dessalinizadora, para não falar das outras medidas de eficiência hídrica que estamos a adotar no Algarve, só aqui estarão qualquer coisa como 46 hectómetros cúbicos, que é bastante mais de metade daquilo que é o consumo urbano do Algarve”, vincou o ministro.
O Ambiente quer ainda criar cinco grupos técnicos de trabalho responsáveis por gerir a água: um na agricultura, um no consumo doméstico, um no turismo, um responsável pela fiscalização e outro pelas campanhas de sensibilização.