Ministro responde à polémica: "Ninguém deve ser prejudicado por causa do marido"
O ministro Pedro Nuno Santos usou as redes sociais para falar sobre a polémica da nomeação da sua mulher, Ana Catarina Gamboa, para um cargo de chefe de gabinete no Governo.
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Ana Catarina Gamboa, mulher do ministro Pedro Nuno Santos, foi nomeada chefe do gabinete do secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, na última sexta-feira, o que levantou suspeitas de favorecimento.
Este domingo, o ministro das Infraestruturas e da Habitação fez questão de responder às críticas, através de uma publicação na sua página do Facebook.
https://www.facebook.com/pedronunosantos.19/posts/364074987534017
Pedro Nuno Santos começou por referir que "o povo tem o direito de questionar e de querer garantir que os cargos de poder político não são usados para que alguns se sirvam a si e às suas famílias" e que é "obrigação dos políticos" garantir que "essa situação não tem lugar" e "responder com verdade às dúvidas" que surgem.
O ministro considerou, por isso, que deveria prestar esclarecimentos sobre o tema em "dever para com o povo português" e, sobretudo, "por respeito" à sua companheira.
"A Catarina não merece ser menorizada no seu percurso profissional - que nada deve a mim - apenas por ser minha mulher", defendeu.
No texto publicado, Pedro Nuno Santos explica que conheceu Ana Catarina Gamboa "há cerca de dezasseis anos", precisamente através de Duarte Cordeiro - que agora a nomeou sua chefe de gabinete - quando pertenciam à Juventude Socialista (JS), e que esta fez parte do seu primeiro Secretariado Nacional da JS.
O ministro relata que, depois disso, Ana Catarina Gamboa "terminou o curso de economia no ISEG e trabalhou vários anos na empresa de consultoria Augusto Mateus & Associados".
"Pouco depois de chegar a vereador da Câmara Municipal de Lisboa, o Duarte convida a Catarina para ir trabalhar com ele. Eu não tive qualquer influência na sua decisão; eu e a Catarina não estávamos sequer juntos nessa altura. Foram as suas competências e a relação de confiança entre ela e o Duarte que o levaram a essa escolha", garante Pedro Nuno Santos, que diz só depois ter reencontrado a atual mulher e iniciado uma vida em comum.
"Tanto o meu percurso profissional e politico como o do Duarte [Cordeiro] e o da Catarina continuaram a avançar. Eu fui convidado para exercer as funções de Ministro das Infraestruturas e da Habitação e o Duarte as de Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares. A Catarina que, entretanto, tinha assumido funções de coordenação do gabinete do Duarte enquanto Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, acompanha-o agora para o Governo e ele convida-a para sua chefe do gabinete.Foi assim que as coisas se passaram", relata o ministro.
"Aconteceu connosco o que acontece com muitas pessoas - apaixonarmo-nos por alguém com quem nos relacionamos, seja no nosso grupo de amigos, seja no trabalho. Acontece com políticos e acontece em muitas outras profissões", defende Pedro Nuno Santos.
Numa referência à reação dada ao caso pela imprensa, o ministro afirmou que a "realidade é sempre mais longa e complexa do que as notícias e os títulos dos jornais".
"Ninguém deve ocupar uma função profissional por favor, como ninguém deve ser prejudicado na sua vida profissional por causa do marido", insistiu o ministro, sublinhando que além de sua mulher e mãe do seu filho, Ana Catarina Gamboa é também uma "excelente profissional, pessoa de enorme competência e confiança".
No atual Governo são vários os casos de governantes com relações de parentesco entre si. É o caso do atual ministro do Trabalho, Vieira da Silva, que é pai da recém-eleita ministra da Presidência e Modernização Administrativa, Mariana Vieira da Silva. Outro exemplo é o dos ministros da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e do Mar, Ana Paula Vitorino, que são marido e mulher.