Moedas lidera "ao mesmo nível do que as pessoas" e não quer ouvir falar em trocar a CML pelo Governo
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Nem de esquerda, nem de direita. Um moderado do centro. É assim que Carlos Moedas se define, em entrevista à TSF, a propósito do lançamento do livro "Liderar com as Pessoas". O autarca passa em revista os primeiros dois anos à frente da Câmara de Lisboa e nem quer ouvir falar em trocar o Governo da cidade pelo Governo do país. Mas já tem uma lista de encargos para o novo primeiro-ministro. No cimo das prioridades está a decisão sobre o novo aeroporto.
O presidente da câmara de Lisboa confessa-se admirador de Emmanuel Macron, o chefe de estado francês que escreve o prefácio de Liderar com as pessoas. E defende que são os moderados quem melhor pode combater o populismo. A democracia é uma flor rara que é preciso cuidar, defende Carlos Moedas.
O autarca entende que os partidos devem encontrar novas formas de estar e de fazer política. Carlos Moedas afirma que o facto de ter chegado à política aos 40 anos é uma vantagem contra quem faz longas carreiras dentro dos partidos políticos.
"Nós não podemos ter um país em que, no fundo, só vai para a política quem nunca fez nada antes ou que só teve na política. Isso não faz sentido e, portanto, eu tenho muito orgulho nesse meu passado, sobretudo porque me ensinou algo muito importante, o respeito pelos trabalhadores e o respeito de ter que pagar o salário ao fim do mês ou o respeito nunca falhar naquilo que é o nosso dever para com aqueles que trabalham connosco e, portanto, esse passado eu reclamo com muito gosto e com muito orgulho e falo muito de todas essas transições e daquilo que fiz, porque é importante. Acho que as pessoas também gostam de mim e a minha aceitação na rua é muito elevada porque sentem que eu sou uma pessoa genuína e que, de facto, mais do que proximidade e também falo muito disso no livro."
Este livro é um relatório de contas?
Venho muito da tradição da política anglo-saxónica, que é uma política de prestação de contas e é muito importante prestar contas. Aquilo que eu faço aqui a olhar para estes dois anos, que foram dois anos muito difíceis porque foram dois anos a governar em minoria, é olhar para aquilo que fizemos e que mudámos Lisboa. É olhar para aquilo que Lisboa era e que é hoje. Lisboa tem 90 mil pessoas que andam de transportes públicos gratuitos. Nós conseguimos fazer isso e eu penso que é bom parar e pensar como é que conseguimos. Fazer o plano de saúde, onde já temos 12 mil pessoas. Lisboa tornou-se por escolha Europeia a capital da inovação. Ganhamos 100 mil de euros, vamos buscar esse dinheiro à Europa e fomos conhecidos e reconhecidos como a capital da inovação com a fábrica dos Unicórnios na semana passada. A nossa estratégia de sustentabilidade em que queremos ser neutrais em carbono em 2030, ou seja, antes daquilo que é o objetivo europeu. Fizemos um contrato com a União Europeia e a União Europeia disse que de todas as cidades da Europa só 23 vão cumprir, uma delas é Lisboa. É importante fazer esse Balanço. E o livro faz esse Balanço do que é que fizemos e eu acho que é muito importante hoje em dia os políticos terem essa transparência, mas também contar as verdades, as dificuldades ou os problemas. Quando quisermos tirar os cartazes do Marquês de Pombal e demorou tanto tempo, demorei oito meses para tirar os cartazes do Marquês de Pombal e depois as pessoas aderiram e nós não queremos cartazes do Marquês de Pombal. Eu lembro que houve partidos políticos iriam levar a mal, mas eu sabia que tinha as pessoas do meu lado.
O Carlos Moedas é engenheiro de formação. É mais fácil lidar com números com dados mais exatos ou com pessoas.
Sim. Gosto mais de pessoas e eu penso que aqui é mais fácil lidar com pessoas. O problema é que uma grande parte da minha vida é lidar com políticos e isso é, no fundo, a parte mais difícil porque os políticos não se comportam de uma maneira. As pessoas comportam-se entre o emocional e o racional, mas têm sempre uma racionalidade. Os políticos têm uma racionalidade muito difícil de perceber, sobretudo para alguém como eu, que só entra nesta vida mais tarde. Mas tenho um grande gosto. Tenho realmente uma conexão com as pessoas, o que faz com que eu tenha decidido chamar este livro "Liderar com as pessoas". Eu não lidero para as pessoas, aliás lidero ao mesmo nível que as pessoas e muitos dos meus detratores e pessoas que não gostam de mim, dizem "Carlos Moedas não tem killer instinct, não tem aquela coisa de matar o inimigo e tal" e eu digo: "Não quero ter, não quero matar ninguém." Eu quero estar com as pessoas, os meus projetos foram sempre construídos com as pessoas. Penso que os políticos ainda não perceberam que o mundo mudou e é, por isso, que o populismo vai crescendo e que nós temos que lutar contra esse populismo com agressividade moderada. Ou seja, os moderados temos que ser mais agressivos. Temos que ser mais capazes de defender as nossas ideias sem medo do populismo.
Os moderados já não conseguem chamar votos?
Eu penso que o que aconteceu nestas eleições é que os moderados afastaram-se das pessoas, não só nestas eleições, em geral, na vida política. Acho que nestas eleições, a AD conseguiu trazer de novo à mesa, aliás, Luís Montenegro falava muito das pessoas e com as pessoas. Mas as pessoas afastaram-se da política e, portanto, um voto no Chega é um voto de revolta e desespero. As pessoas dizem "já não acreditamos em nada". Encontro-me na rua com várias pessoas que votaram no Chega e pergunto-lhes porquê? As pessoas respondem: "Votei contra isto tudo, estou farto, cansado, os políticos não me ouvem, não querem saber de mim e eu tento lutar para de certa forma mudar essa maneira de fazer política que tem que ser acima das máquinas partidárias." Os partidos são muito importantes para a democracia, mas nós temos que estar acima das máquinas partidárias e temos que estar acima da ideologia. A ideologia morre quando se confronta com a realidade. Repare, quando lançámos o plano de saúde houve uma parte da esquerda e da extrema-esquerda aqui na Câmara decidiu votar contra, porque achava que aquele plano era um plano dos privados. Ora, isto é estar longe das pessoas, porque as pessoas querem saber é se podem telefonar a um médico ou não. Elas não querem saber se é público ou privado e, portanto, há um ensinamento aí. A minha visão da política vem muito da engenharia, porque isto é uma transição que estamos a viver entre o mundo digital e o mundo físico. E o mundo físico vai desaparecer no mundo digital, vai crescendo e, portanto, tudo tem aqui um impacto muito grande nas instituições e na vida política.
O livro tem prefácio de Emmanuel Mácron. É conhecida a proximidade entre Carlos Moedas. Emanuel Mácron chegou a dizer que era uma lufada de ar fresco. O que explica a dificuldade que o Presidente francês tem tido em aplicar a agenda? Em ter visto crescer a contestação e até os extremos quer à esquerda, quer à direita?
É verdade. Primeiro, é preciso analisar o país, não a França. É um país muito grande em que, como costumo dizer, nenhum político acaba bem. Ou seja, os Presidentes de França no seu segundo mandato acabam por cair totalmente na popularidade. É um país realmente que tem essa característica. Tudo se passa na rua mais do que na política. Acho que Mácron teve aqui um papel essencial em equilibrar o poder da Alemanha na União Europeia, que, no fundo, era muito superior ao poder de França. França tinha abandonado a União Europeia. Ele vem com um projeto muito europeu. Depois teve um papel de aproximar as pessoas a Europa. No livro, lembro, aliás, quando criámos o Conselho Europeu da Inovação, como trouxemos a Juventude para a Europa, para a Inovação, para a Tecno. Portanto, teve e tem um papel muito importante a agora, sendo eu uma pessoa que viveu em França muitos anos, sei a dificuldade que é governar um país como a França, que é um país de grandes dimensões e em que a política é muito difícil de fazer. Mas, Mácron no seu legado trouxe-nos e deixou muitas das coisas. Por exemplo, fiz aqui em Lisboa a assembleia cidadã. A inspiração do que ele fez em França, que andou de cima a baixo a ouvir as pessoas, a fazer também este tipo de assembleias e conselhos de cidadãos para ouvir as pessoas para depois implementar medidas e, portanto, é um homem que realmente veio mudar também a maneira de fazer política e, obviamente, agora no fim do segundo mandato há muitos problemas e tem grande contestação, mas isso faz parte da política em sobretudo, para como alguém como eu, que conhece a política francesa, não me espanta.
Haverá aqui alguma desilusão? As expectativas demasiado altas, porque também é um outsider, não é? Também é contra o sistema partidário?
Talvez houve realmente na altura umas expectativas muito altas. Ele era o mais jovem Presidente de França, trazia uma expectativa muito grande e, obviamente, quando temos expectativas muito grandes, muitas vezes as coisas não correm à altura das expectativas. Talvez lhe tenha acontecido isso. Não sou analista político, nem sou cientista político, mas ele deixa uma marca de modernidade num país que estava muito envelhecido na política. Hoje temos o primeiro-ministro francês que tem 30 e poucos anos e é assumidamente gay. Penso que isso mostra uma França muito diferente da França que conheci nos anos 90. Quando fui para França era um país extremamente conservador. Eu gosto de me inspirar em várias figuras. Inspiro-me na figura dele no sentido que trazer essa modernidade para a política com essa liberdade das pessoas serem aquilo que querem ser. Eu como presidente da câmara tenho trazido sempre essa ideia de liberdade de cada um viver e ser o que é. É muito importante para mim essa inspiração política que Mácron também trouxe para toda uma juventude e, apesar de toda a contestação, Mácron tem uma grande adesão dos jovens franceses. Agora, com as condições de governação difíceis que existem neste momento com a guerra, com as decisões que França tem que tomar com o alerta terrorista, o nível mais alto desde há muitos anos... O mundo tem muitos perigos, o mundo está muito perigoso e, portanto, temos que tratar a democracia com grande carinho porque como diz e conto também isso no livro, a ditadura é como uma erva daninha, cresce sem a pessoa lá por água. A democracia é uma flor rara. Temos que carregar, temos que trabalhar com ela, temos que a acarinha. Esse acarinhar da democracia e o papel dos moderados. Os moderados sejam eles a de esquerda ou de direita, ou de centro são muito importantes. Aliás, eu defino muito nesse livro, não sendo de esquerda nem de direita, num centrismo de certa forma, a macroniano se quiser.
Voltando a Portugal, quinta-feira é dia de entrega da lista dos nomes do Governo. Vai lá estar o nome de Carlos Moedas?
Não, não de certeza absoluta. Carlos Moedas só tem um nome na Câmara de Lisboa e para ser e será presidente da Câmara de Lisboa. Isso para mim esteve sempre claro e penso que os lisboetas sabem disso. Sou presidente da Câmara de Lisboa. Gosto muito de ser presidente da Câmara de Lisboa. Tenho um privilégio enorme em fazer todos os dias um trabalho na cidade que é reconhecido e, portanto, o livro é o balanço também desse trabalho. É um balanço para continuar daqui a dois anos. Se for necessário, lanço outro com o balanço dos próximos dois anos, mas o nome de Carlos Moedas só está na Câmara.
O serviço ao país não justificaria uma resposta a esta chamada?
Não há chamada nenhuma. Lisboa precisa de mim e eu estou aqui, no livro conto isso. Os políticos tradicionais estão sempre a pensar para onde é que vão. Eu nunca estou. Nunca pensei isso na vida. A minha vida é onde estou e aquilo que estou a fazer é ser presidente da câmara, a trabalhar todos os dias, a continuar um projeto que estamos a meio do projeto paradísico nunca esteve nem seria possível a comigo de fazer qualquer mudança e como essa nunca, nunca aconteceria.
Mas o facto de a legislatura poder não chegar até ao fim dificulta o trabalho de Luís Montenegro no recrutar de ministros?
Não. Primeiro, penso que ele mostrou isso na lista de deputados com muitas pessoas da sociedade civil, com muitas pessoas que aderiram ao projeto da AD e teve, sem dúvida, uma das listas mais inclusivas. Teve pessoas que vinham da área do direito, da engenharia, da música da cultura e isso é muito positivo. Fazer hoje em dia um Governo é muito difícil, mas não é pelo tempo que vai durar. As pessoas afastaram-se também da política. Há 20 anos atrás, a pessoa convidava alguém para ser ministro e para a pessoa era realmente algo muito importante. As pessoas encaravam isso como uma missão, tinham um determinado prestígio. Hoje em dia é muito difícil. As pessoas já não querem ir para a política, as pessoas já não querem o serviço público, porque ficam expostas a um escrutínio e nós ficamos expostos a ter uma vida em que são todos os dias atacados. Há uma maior agressividade na vida pública, portanto, muitas pessoas não aceitam, mas não tem a ver exatamente nem com este Governo, nem com ser curto ou comprido. Eu espero que dure, porque nós precisamos de estabilidade, mas, por outro lado, o líder do partido é que saberá. Eu não sei absolutamente nada sobre isso e eu aposto que há pessoas de grande qualidade que aceitam, mas é muito difícil aceitar hoje um cargo político. Compreendo esse dilema, aliás, muitas pessoas disseram-me, quando eu mudei de estar numa situação como vivia. Aliás, descrevo isso no livro da Gulbenkian para vir para a Presidência da Câmara. Fi-lo porque gosto muito desta missão, porque realmente penso que o meu papel enquanto for vivo é um papel de ajudar as pessoas. É nisso que eu me reconheço. É isso que eu gosto de fazer, mas obviamente também percebo que hoje em dia muitos hesitam em ter qualquer papel na vida pública.
Carlos Moedas lidera a mais velha das coligações desta nova geração de coligações de direita. Que lições é que o CDS e o PSD podem tirar para a governação na forma de gerir e conviver na coligação?
Bom, pergunta-me de gerir a coligação que existe, e eu penso que isso é muito fácil, porque as ideias do PSD, do CDS e também do PPM, em termos de governação, são ideias comuns. Houve muita experiência já no passado desta interligação entre os partidos. O que é difícil é gerir em minoria. Isso é um exercício. Todos os dias é um exercício de negociação. É um exercício de muitas vezes ter que ter ser magnânimo em relação aos ataques que nos fazem. É saber geri-los e saber falar com as pessoas. Eu falo com os meus vereadores, falo muito com eles. Mesmo com a oposição, sabendo que para eles também é difícil. É difícil para a oposição hoje em Lisboa estar a gerir uma situação em que o PS só tem três vereadores e em que nós estamos a concretizar muito e estamos a fazer muito. Eu percebo que seja difícil, mas é preciso negociar. É preciso falar com eles. É preciso trabalhar muito em conjunto e é preciso saber engolir muitas vezes injustiças que dizem sobre nós ou ataques que fazem sobre nós e dizer "Ai não fez ou fez", quando nós estamos a fazer tanto e fizemos tanto. Mas isso faz parte da vida política. Cada vez mais temos que nos habituar a governos minoritários, sejam locais ou nacionais. Isso acontecerá no futuro a todos os partidos. Moderados, temos que nos unir à volta de uma estabilidade governativa, porque as pessoas não vão aguentar nem querem eleições todos os anos. Quem ganha as eleições tem direito a governar e quem perde as eleições, que for moderado, tem uma responsabilidade de garantir estabilidade.
Mas a AD não podia sair reforçada se a legislatura fosse interrompida e criasse uma estratégia de vitimização?
Isso só um analista política que lhe poderá dizer. Fazer comentários sobre estratégias políticas, eu penso que o mais importante para AD agora é começar a governar e resolver os problemas das pessoas e temos tantos problemas para resolver.
No livro queixa se de alguma indisponibilidade institucional de António Costa quando passou a ser presidente da Câmara de Lisboa, coisa que não acontecia quando era comissário. Que relação espera ter com o Governo agora com o novo Governo. E quais são as prioridades na atuação? Os campos onde espera avançar?
Sim, bom, eu conto com essa ligação e daquilo que tínhamos trabalhado na União Europeia e depois aquilo comportamento do primeiro-ministro que foi diferente, mas acho que mantivemos sempre uma relação civilizada entre os dois. Eu vou estar do lado dos lisboetas. Obviamente vou estar a trabalhar com este Governo, mas haverá momentos que não estarei de acordo porque estarei obviamente sempre a defender os lisboetas e estarei aqui para reclamar aquilo que é importante para os lisboetas e, portanto, vamos trabalhar seguramente muito bem. Não tenho qualquer dúvida, mas teremos decisões em que eventualmente poderemos discordar em determinados momentos. Como lhe digo, eu faço uma política muito acima dos partidos, já referi até publicamente, como é o caso da decisão do novo aeroporto. Eu vou pedir e já pedi ao Governo, já falei com o primeiro-ministro indigitado sobre isso, sobre outros temas que são temas muito importantes. O caso do novo aeroporto é essencial para a cidade e, portanto, é uma decisão que tem que ser tomada muito rapidamente e depois tenho outra lista de questões muito importantes, com o primeiro-ministro. Vamos discutir assim que ele estiver em funções. Agora seria muito injusto numa semana em que ele está a montar o Governo, eu já estar a chateá-lo, a tentar conseguir aqui resolver problemas da cidade, mas os problemas da cidade são problemas do país. E, portanto, há muitos pontos em que o Governo terá todo interesse em estar do meu lado a tentar resolver esses problemas.
Acredita que a legislatura vai durar mais do que o mandato de Carlos Moedas na Câmara de Lisboa?
Eu espero que os partidos políticos tenham esse sentido de responsabilidade perante os portugueses de criar estabilidade. Isso não é só uma responsabilidade daquele que governa, é uma grande responsabilidade também dos partidos da oposição e seria muito bom que isso acontecesse. Vamos ver.
Só uma última pergunta, no livro fala em vários ciclos da vida do Carlos Moedas na política nacional, na política Internacional, agora na política das cidades quando é que se fez este ciclo e qual será o próximo?
Estamos aqui a falar de dois anos num balanço que é muito importante a continuar este ciclo, a fazer muito que ainda falta para a frente. Mas como lhe digo, não penso no futuro. A garantia é que estou para ficar, mas não estou aqui a fazer nenhum anúncio sobre próximos ciclos nem próximas candidaturas. Seria ser o político que não quero ser. Agora tenho que estar focalizado no meu trabalho.
Carlos Moedas foi duas vezes a votos, sempre como underdog, e depois teve resultados surpreendentes. Da próxima, já não será o underdog ou vai arranjar aí um desafio?
É verdade que as duas vezes que fui a votos foram em grandes dificuldades, uma o PSD em Beja não elegia um deputado desde 1993 ou 95. Aliás, só elegia quando o círculo tinha cinco deputados e, portanto, realmente fui, como diz, underdog não é? Como aquele que não é o preferido, aquele que as pessoas não acreditam e na Câmara de Lisboa foi exatamente a mesma coisa. Penso que isso mostra a no fundo, a minha resiliência, a minha capacidade genuína de trabalhar com as pessoas e de estar ao lado delas. Eu acho que as pessoas mais do que me verem como representante de um partido, veem-me como alguém igual a elas nessa igualdade de tratamento, nessa igualdade de fazer que as pessoas se identificam e, por isso, muitas pessoas que não são do PSD, nem do CDS, nem dos outros partidos da coligação também votam em mim. Eu tenho muitos socialistas que vejo na rua e pessoas que conheço que votam em mim são do PS. Tenho essa abrangência.