A ministra da Presidência acusou a Comissão de preconceito contra o Governo PS, Moedas garante que não. E alerta: "esse jogo de apontar o dedo à Europa é prejudicial", diz na Entrevista TSF.
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Carlos Moedas garante que não, que não há qualquer preconceito na Comissão Europeia contra o Governo PS. Na entrevista TSF, que passa sábado depois das 11h00, o comissário português elogia Costa, visto como "um europeísta" na UE, garante que fala regularmente com o primeiro-ministro e com o ministro das Finanças. Mas não deixa sem resposta a crítica da ministra da Presidência quando, numa entrevista ao Expresso esta semana, dizia que "a Comissão não se conformou com a mudança de Governo em Portugal ("quer atacar mais este Governo do que penalizar o anterior").
Visto de dentro, há preconceito contra o Governo atual do país? Moedas responde: "Não, de maneira nenhuma. Não sinto isso e isso não existe. Os governos estão sempre a mudar, e a Comissão tem no seu ADN a capacidade de se dar com todos os governos e de ter relação boa com todos. Há visões diferentes na Europa: os que defendem que devemos cumprir as regras como elas são, os que pensam que as regras devem ser repensadas e que devemos olhar para o esforço total que foi feito. Não tem a ver com o Governo A, B ou C, tem a ver com uma mentalidade mais ao Norte da Europa, ao Sul da Europa, ao Este ou ao Oeste, é uma divisão que hoje existe, mas que não tem a ver com os partidos."
O comissário da Ciência acrescenta um ponto: "Um socialista da Holanda pensa de maneira muito diferente de um socialista espanhol ou português. Há aqui uma divisão que não é feita por partidos. E é bom que isso fique claro. Há uma divisão de mentalidades e da maneira de ver o mundo."
Moedas sublinha que este não é um problema português, exclusivamente. "Os governos estão a criar a ideia de que a Europa está sempre de chicote. Um dos pontos difíceis na Europa é que durante 10, 15, 20 anos, sempre que há um diferindo entre um país e a Europa, os países tentam levar a crédito - dizer que o bom é o resultado das negociações que tiveram, o que é mau é a Europa".
Ora, diz o português que estará à mesa da decisão sobre as sanções, na próxima semana, acrescenta que "esse jogo de apontar o dedo à Europa, que é um jogo que acontece em todos os países da Europa, é um jogo que tem prejudicado a imagem da Europa. Se nós como políticos, quando temos um problema, dizemos que foi criado pela Europa, isso vai criar uma sensação de que a Europa está ali sempre com um chicote."