"Momento mais difícil desde o 25 de Abril." Com "culpas próprias", PS "distanciou-se das pessoas" e agora tem de "dialogar com todos"
"Num cenário muito, muito difícil" para o partido (ainda) liderado por Pedro Nuno, aos socialistas toca agora "refletir" sobre o empate com o Chega. No Fórum TSF, Marta Temido quer à frente do PS alguém "corajoso e capaz de fazer compromissos"
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Depois do terramoto que atingiu o Partido Socialista (PS) na noite eleitoral de domingo, é tempo de procurar justificações pela perda de 20 lugares no Parlamento, mas também de olhar para o futuro: Marta Temido fala na "distância às preocupações centrais das pessoas", Vitor Ramalho admite preocupação com a possibilidade da direita rever a Constituição e diz que "reerguer o partido significa dialogar com todos, sem exceção". Pedro Nuno sai de cena e quem está "qualificado" para assumir a liderança é José Luís Carneiro, acredita Eurico Brilhante Dias.
No Fórum TSF, a eurodeputada Marta Temido realça que o crescimento do Chega e a queda do PS "não escapa" à tendência europeia. "Sem mudar a essência, sem mudar os princípios, porque eles subsistem: a solidariedade, o Estado Social, a ecologia, um mundo mais justo, o multilateralismo", apela ainda a uma "reflexão" enquadrada no contexto internacional, que passa também por entender que a esquerda "distanciou-se das preocupações centrais das pessoas, não em termos de princípios, mas em termos de respostas".
Pedro Nuno Santos colocou o lugar à disposição e a antiga ministra da Saúde sublinha as caraterísticas "essenciais" para um novo líder, recusando indicar nomes: "Serenidade, coragem, clarividência, não ceder em relação aos princípios e ser capaz de fazer compromissos."
Por sua vez, o deputado socialista Eurico Brilhante Dias garante que o partido "tem culpas próprias", mas agora é tempo "de união e de renovação". E já a pensar no sucessor de Pedro Nuno Santos, aposta em José Luís Carneiro, "um dos mais qualificados" para ocupar o cargo.
Não tenhamos ilusões: o próximo secretário-geral do Partido Socialista encontra um cenário muito, muito difícil e precisa do apoio de todos para conseguir levar o partido avante, num momento que é dos mais difíceis desde o 25 de Abril.
Já Vitor Ramalho, histórico do PS, destaca que "sozinha" a Aliança Democrática "tem mais deputados do que toda a esquerda junta" e a direita, incluindo o Chega, "tem mais de dois terços" da Assembleia da República, o que significa "que pode proceder a revisões constitucionais, algo que nunca ocorreu na história da democracia".
A campanha socialista foi "muito centralizada", refere igualmente: "Não houve uma fotografia do partido com a juventude, com a ligação à realidade."
Tem de ser feita uma reflexão profunda, não atomista, em que cada um tem de assumir as suas responsabilidades para forçar o partido a reerguer-se. E reerguer o partido significa dialogar com todos. Eu repito: com todos, sem exceção.
A coligação encabeçada por Luís Montenegro é a vencedora da noite de 18 maio. Com quatro mandatos por atribuir, PS e Chega estão empatados, com 58 deputados cada. Bloco de Esquerda fica reduzido a Mariana Mortágua, mas Livre cresce. PAN mantém-se vivo, JPP estreia-se no panorama nacional.

