Montenegro acusa governo de coagir parceiros sociais e promete decisões sobre aeroporto
O líder da AD, a convite da Confederação do Turismo, abordou alguns temas quentes do setor, prometendo decisão rápida sobre aeroporto, com ou sem consenso com PS. Montenegro promete ainda revisitar Acordo de Rendimentos, considerando que documento foi assinado num contexto de "alguma coação" sobre os parceiros sociais.
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Luís Montenegro acusa o governo de ter coagido os parceiros sociais a assinar o Acordo de Rendimentos, no final do ano passado, e promete revisitá-lo se vencer as eleições. Se esse cenário se verificar, promete também, perante uma plateia recheada de agentes do setor do turismo, que a decisão sobre novo aeroporto de Lisboa será rápida - com ou sem consensos.
Num dia especialmente preenchido, o líder da AD foi desafiado por Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), a pronunciar-se sobre o novo aeroporto, a TAP, a governação na área do turismo, o Acordo de Rendimentos e ainda a estabilidade. De resto, questões que já tinham sido também apresentadas noutro almoço a Pedro Nuno Santos.
E Montenegro bem aponta ao governo. Desde logo, no acordo de rendimentos (que foi subscrito pela CTP): "É minha convicção, sinceramente, que acordo foi formulado num contexto, não quero exagerar nas palavras, mas de alguma coação sobre os parceiros sociais, foi mesmo 'ou assinam, ou as coisas terão dificuldades acrescidas'".
Depois da acusação, o compromisso que se segue para o pós-eleições é o de "revisitar esse acordo e poder atualizá-lo com, naturalmente, os mesmos objetivos, mas com uma forma que seja potenciadora de maior capacidade das empresas terem competitividade, terem ganhos de produtividade e, por via disso, pagarem melhores salários". Nessa revisitação, a questão do banco de horas individual estaria presente.
Noutro tema quente, Luís Montenegro promete decisão rápida assim que chegue a São Bento, se assim os portugueses o entenderem. "O meu compromisso é, no início do governo, pegarmos no resultado final - que ainda não foi entregue - da Comissão Técnica Independente e decidir. Nós vamos decidir, vamos tentar consensualizar com o PS, que será na altura o maior partido da oposição. Se não conseguirmos, nós avançaremos", garante o social-democrata.
Já sobre o atual aeroporto de Lisboa, mais dedos apontados ao governo, nomeadamente o de ter sido "complacente" com a ANA Aeroportos na questão das obras na infraestrutura. "A ANA está em falta e o governo está em falta com o país porque não obrigou a ANA a cumprir aquilo a que estava obrigada", vinca Montenegro que ainda lançou uma farpa sobre o social-democrata José Luís Arnaut que preside à administração da ANA.
"Há até aí alguém que tenta dizer que há uma pessoa ligada ao PSD que está na ANA, a mim não me interessa nada, nem fala comigo", apontou o líder do PSD apelando a que a concessionária dos aeroportos nacionais avance com as obras necessárias de modo a não penalizar mais o setor e o país.
Pontos fortes de um discurso de mais de 40 minutos em que revisitou ainda outros temas relevantes no setor, insistindo na que vai reverter as medidas para conter o Alojamento Local ou ainda a privatização da TAP.