Montenegro aponta aos "despeitados" do PS e do Chega e sente que país está com o Governo
Primeiro-ministro acusa PS e Chega de despeito, lembrando que não houve negociações nenhumas para o OE em agosto e que tudo está "no tempo". Em Castelo de Vide, Montenegro diz que está para ficar durante quatro anos e sente que "país está com o Governo"
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Luís Montenegro estica a corda ao ditar o tom para as negociações do Orçamento do Estado (OE) que estão prestes a regressar: o Governo está para quatro anos, assim o deixem executar o programa. Sobre o PS e o Chega - partidos que podem dar luz verde ao Orçamento - o primeiro-ministro acusa-os de despeito, de desorientação e de serem foco da instabilidade.
Depois de largos minutos na revisão da matéria dada, que é como quem diz a falar das várias medidas tomadas pelo Executivo, Montenegro começa por criticar a política da conversa. "Sei que hoje, em Portugal, muitos políticos, muitos partidos e muitas outras personagens, ocupam quase todo o espaço mediático com a política da conversa. Mas nós, que estamos no Governo, não estamos para a política da conversa, estamos para as ações concretas."
Focando-se nas três medidas que mais deram que falar desde o Pontal - suplemento das pensões, passe ferroviário e mais vagas para medicina -, Luís Montenegro rebate as críticas de eleitoralismo. "Eleitoralistas porquê? Não há eleições! Quem fala em eleitoralismo é de quem está a contar ter eleições mais cedo, não é o nosso caso."
Daí lembra as condições que impôs para liderar o Governo. Legitimação número um, com maioria nas urnas, número dois, com a não rejeição do programa de Governo. Desta forma, apela: "Não o bloqueiem, deixem executar."
A caminho das negociações do Orçamento, o primeiro-ministro fala em fantasmas na cabeça da oposição. Primeiro, na cabeça de André Ventura: "O líder do Chega sente-se despeitado porque viu uma notícia - que por acaso não é verdade - e concluiu que, durante agosto, tinha havido negociações entre PS e PSD. Vai daí que, de forma imatura e precipitada, diz que não quer ter nada a ver."
Depois, Pedro Nuno Santos: "Sente-se despeitado porque, durante o mês de agosto, não lhe dissemos nada. Estamos a tempo, em tempo e no tempo para falar com partidos políticos e concluir a proposta de OE que vamos levar à Assembleia da República."
Garantindo que há abertura para negociar, mas que o Executivo não se vai desviar da essência do programa de Governo, Montenegro fala num "conluio" entre PS e Chega que, ao terem aprovado medidas como a abolição das portagens nas antigas SCUT, a descida de IRS e do IVA na eletricidade, já criaram as três condicionantes para a negociação do OE.
Prometendo serenidade e tranquilidade, Montenegro sublinha, na terceira pessoa, que "o primeiro-ministro está aqui para governar quatro anos, está aqui para governar ao serviço das pessoas e de Portugal. Espera que os outros tenham o mesmo fôlego e aguentem os quatro anos".
"Este Governo não precisa de eleições para governar, este Governo não está à espera de se relegitimar. A minha convicção é de que, neste momento, o país está com o Governo, aquilo que não sabemos é se a oposição vai estar com o país", aponta Montenegro.
Pelo caminho, uma referência a Maria Luís Albuquerque. Descarta as críticas de que ela é o rosto da troika, lembrando que "toda a gente sabe que, em Portugal, os troikistas são os socialistas".
No discurso que fez em Castelo de Vide ainda uma palavra sobre presidenciais. Um dia depois de Leonor Beleza se ter afastado da corrida a Belém, Luís Montenegro afirma que é normal que apresente uma estratégia sobre este tema, uma vez que se está a recandidatar ao cargo de Presidente do PSD e as eleições presidenciais estão na janela temporal do novo mandato. "Não sei se nos outros partidos se elegem presidentes ou secretários-gerais sem saberem a estratégia", ironiza.
Na abertura do discurso, Montenegro fez ainda uma referência "dirigida aos filhos, mulheres, pais, avós e todos os familiares dos cinco militares da GNR que morreram a cuidar de todos nós", para um longo aplauso dos alunos da Universidade de Verão do partido. De resto, Luís Montenegro sai de Castelo de Vide para Lamego, onde participará nos funerais dos militares da GNR.
Antes do primeiro-ministro, João Pedro Louro, presidente da JSD, apresentou no discurso de encerramento duas ideias para o país via OE: a revisão das bolsas de estudo no Ensino Superior, aumentando o limiar de elegibilidade num valor de 25 vezes o valor do Indexante de Apoios Sociais; e a abertura de uma delegação da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) numa região de baixa densidade populacional.
Louro acusou também o PS de ter uma "obsessão em estar permanentemente contra a juventude portuguesa", desafiando os socialistas para que, "por uma vez na vida", façam algo útil pela juventude e viabilizem o IRS Jovem proposto pelo PSD.