No debate com Paulo Raimundo, o líder da Alternativa Democrática manteve que está disponível para governar em minoria e fechou a porta à negociação com o Chega nos Açores, considerando que a votação do programa de governo será o “teste do algodão”.
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Apesar de o Chega insinuar que existem negociações nos Açores para a eventual viabilização do governo liderado por José Manuel Bolieiro, Luís Montenegro foi claro em avisar André Ventura “não vale a pena o Chega sonhar com negociação. Nem vale a pena enganar as pessoas,” avisou.
E devolve o desafio, considerando que o “ teste do algodão tem hora marcada” com a votação do programa de governo e o Chega terá de decidir se “vai para os braços do PS”.
“O Chega agora terá de tomar uma opção que é respeitar o resultado eleitoral e a vontade dos açorianos ou ir para os braços do PS numa coligação que, aliás, já experimentou com o espoletar desta crise política que teve como desenlace o resultado eleitoral de dia 4,” desafiou.
Sobre a decisão socialista de inviabilizar um executivo açoriano liderado pelo PSD, Montenegro considera que “caiu a máscara” ao PS.
“O PS já clarificou posição: diz, basicamente, que não governa nem deixa governar. É uma opção. Acabou de cair a máscara do PS. A máscara do PS é: não vence as eleições, não tem condições para liderar o Governo e, simultaneamente, também não respeita a vitória eleitoral que a Aliança Democrática obteve nas urnas”.
Ao nível nacional, Luís Montenegro mantém duas opções: “Serei primeiro-ministro se vencer as eleições, ou com maioria absoluta de 116 deputados ou com maioria relativa, se não obtiver maioria” e lembra o governo minoritário de Cavaco Silva em 1985.
Ainda sobre cenários pós eleitorais, Paulo Raimundo repetiu que a CDU não ajudará a viabilizar governo de direita porque “uma “hipocrisia dizer que CDU alguma vez acompanharia ou apoiaria um Governo da AD”, e manteve a disponibilidade para dialogar com o PS.
“Não é por falta da CDU e do PCP que há instabilidade governativa, não será por nós. Nunca faltaremos a tudo o que seja positivo”, afirmou o secretário-geral do PCP insiste que importa o "conteúdo “ e que "é possível resolver com mais força, votos e deputados”, frisa.
Pelo debate, vincaram-se divergências, por exemplo, nas pensões, com Luís Montenegro a considerar que a proposta do PCP para o aumento das pensões "não é exequível", enquanto Paulo Raimundo contabilizou o custo em 1600 milhões.
Embora, o líder social-democrata queira uma “reconciliação” com os pensionistas, o secretário geral do PCP considerou que o PSD foi o "recordista " das medidas da troica, considerando que “estamos na fase das promessas, na chuva de promessas” que se “se apanharem no poleiro, tentam justificar porque é que não podem cumprir”.