Montenegro compara Ventura a Sócrates. Chega acusa líder do PSD de ser "idiota útil" à esquerda
Os líderes do PSD e do Chega trocaram acusações, num debate em que os direitos das forças de segurança foram um dos temas fortes em cima da mesa.
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O presidente do PSD insiste que "não" é "não" e fala numa questão de "decência política", para afastar qualquer aliança com o Chega.
No debate televisivo que colocou, esta noite, frente a frente Luís Montenegro e André Ventura, o líder social-democrata explicou todas as razões pelas quais garante que não haverá diálogo entre os dois partidos. "O PSD nunca alinhará num entendimento político com alguém que políticas e opiniões muitas vezes xenófobas, racistas, populistas, excessivamente demagógicas", começou por apontar Montenegro.
"André Ventura utiliza muitas vezes uma linguagem que não se compadece com aquilo que são os nossos princípios", prossegui Luís Montenegro, referindo como o presidente do Chega se referiu ao PSD como uma "prostituta política". "Eu não aceito isto", declarou o líder social-democrata.
Montenegro afirma ainda não ser capaz de se aliar ao Chega também pela falta de "responsabilidade" do partido, que acusa de não fazer as contas das medidas políticas que propõe. "É uma gestão que, se fosse levada a sério, era igual à do engenheiro Sócrates", refere, alegando que, se aplicasse o que propõe, André Ventura levaria o país "à bancarrota".
Já André Ventura acusou Luís Montenegro de ser o "idiota útil" da esquerda, que deixa espaço ao PS para governar - e, ao mesmo tempo, afirmou que os sociais-democratas estão agarrados ao poder, trazendo ao debate a solução política encontrada pelo PSD na Madeira, com uma aliança ao PAN.
"Ontem, ouvi o dr. Luís Montenegro chamar-lhes [ao PAN] fundamentalistas", notou o presidente do Chega. "É o PSD a querer agarrar-se ao poder de qualquer maneira", atirou.
"O PSD não está preocupado com a responsabilidade, o PSD está preocupado com uma coisa: continuar a dar lugar ao Partido Socialista para governar o país e distribuir tachos por todos os amigos do PS e do PSD", acusou. "Está a ser o idiota útil da esquerda."
No que toca às legislativas de 10 de março, Luís Montenegro deixou, como fez nos Açores, a responsabilidade da viabilização de um eventual governo ao PS e ao Chega - mas garantiu estar apostado em conseguir a "maioria absoluta".
André Ventura respondeu acusando Luís Montenegro de estar deslumbrado com as sondagens e afirmou que se, "arrogantemente", o PSD não quiser dialogar com o Chega, será culpado pela instabilidade do país. "Se calhar, prefere estar com o PS do que com o Chega."
No debate foi ainda tema a proposta do Chega para a partidarização e o direito à greve os profissionais das polícias e militares da GNR. O líder do PSD acusou André Ventura de querer "instrumentalizar" as forças de segurança.
"São duas coisas erradas. Completamente erradas", declarou Luís Montenegro. "A filiação partidária é mesmo uma tentativa de colocar os partidos políticos dentro das esquadras e dos quartéis e, no caso do direito à greve, coloca em causa o exercício da autoridade das forças de segurança", disse o presidente do PSD, lembrando que os profissionais da GNR pertencem às forças militares. "É inaceitável mesmo."
Luís Montenegro fez ainda questão de eleger o PS como único adversário, nestas eleições, e apelou a quem até já votou ou tenciona agora votar no Chega para repensar a decisão e não dispersar o voto à direita.