Montenegro e Costa sem “tradução”: o “consenso” em Bruxelas e a valorização de Portugal
Montenegro e Costa garantem “colaboração e cooperação total” entre Governo e Conselho Europeu
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O almoço estava marcado para as 13h00, mas começou com alguns minutos de atraso. António Costa e Luís Montenegro celebram a eleição do português para um dos principais cargos da União Europeia e com a garantia de “total cooperação”. O papel de Luís Montenegro nas últimas semanas é também uma “marca de qualidade da democracia” em Portugal.
António Costa chegou ao Palácio de São Bento no próprio carro, como condutor, já lá vai o tempo em que entrava na residência oficial como primeiro-ministro. Agora, é o presidente eleito do Conselho Europeu.
Antes do almoço com o atual primeiro-ministro português, o aperitivo. Com uma bandeira de Portugal e outra da União Europeia ao lado, António Costa expressa “uma enorme honra” perante Luís Montenegro.
“Sempre que um português desempenha funções no exterior, quaisquer que elas sejam, é uma forma de valorizar o nosso país. E é isso que quero fazer, tal como as nossas comunidades emigrantes fazem. Ou como a nossa seleção portuguesa tentará fazer mais logo, em campo”, atirou.
O agradecimento sentido é para Luís Montenegro, pelo “empenho” na eleição de António Costa como presidente do Conselho Europeu, o que é uma “marca de qualidade da democracia” portuguesa. Partidos diferentes, mas, nas últimas semanas, com um objetivo comum.
“Agradeço ao primeiro-ministro e ao Governo português não só o apoio, como o empenho, para que a eleição tivesse sido possível. Sei bem o esforço que o primeiro-ministro fez para mobilizar o conjunto dos apoios, não só no PPE, mas também no Conselho Europeu. Uma marca da qualidade nossa democracia neste ano que celebramos os 50 anos do 25 de Abril”, sublinhou.
Antes de António Costa, falou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, em declarações sem direito a perguntas. Montenegro salienta o “consenso generalizado”, em Bruxelas para a eleição de António Costa.
“A confiança que recebeu, e que eu testemunhei, foi esmagadora. O que revela que as caraterísticas que ao longo das últimas semanas enunciamos como relevantes para o exercício destas funções têm um amplo, para não dizer um consenso generalizado, em toda a União Europeia e nos seus líderes”, acrescentou.
O primeiro-ministro deseja, por isso, “muito sucesso e bom trabalho” a António Costa, admitindo que a função de presidente do Conselho Europeu é “exigente”. Da parte do Governo português, haverá “total colaboração e cooperação”.
“Para nós portugueses é um motivo de orgulho e satisfação termos mais um português num cargo relevantíssimo”, disse.
E, no que toca ao idioma, não há margem para dúvidas. Disso mesmo deu nota António Costa, olhos nos olhos com Luís Montenegro, que não precisará de “tradução” para conversar com o presidente do Conselho Europeu.
“Terá sempre um interlocutor com quem não precisa de tradução. Podemos falar, diretamente, na nossa língua”, afirmou António Costa, o que arrancou um sorriso a Luís Montenegro.
A partir de dezembro, o português volta a ser uma das línguas de destaque em Bruxelas, com um português num dos principais cargos da União Europeia. E com a garantia de “colaboração e cooperação total” entre Luís Montenegro e António Costa.