Luís Montenegro e Rui Tavares concordam que depois das eleições os vários partidos devem procurar consensos para reformar a justiça. Frente-a-frente, na TVI, os dois líderes olham para os mais jovens com medidas diferentes e até têm uma mesma crítica a apontar ao Partido Socialista.
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Nem só de divergências se fazem os debates entre a direita e a esquerda e Luís Montenegro e Rui Tavares são prova disso. Num debate bastante cordial, os dois líderes partidários convergem na necessidade de consensos alargados na Justiça e até têm críticas semelhantes a apontar ao PS na habitação.
Naquele que tem sido um dos temas quentes da pré-campanha, Rui Tavares, do Livre, começa por sinalizar que é "obrigação de todos os partidos democráticos terem o consenso mais amplo possível". Considerando que seria o "maior presente" na comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, Rui Tavares até aponta que não se trata de inventar a roda: "boa parte do roteiro que precisamos de implementar para chegar lá tem que ver com implementar reformas que outros já implementaram".
Pela mesma bitola, alinha Luís Montenegro. Questionado sobre um entendimento entre PS e PSD, o social-democrata diz que "o debate deve ser alargado a todos os partidos e todos colaboram". "Creio que deve haver um debate alargado do ponto de vista partidário e depois, inclusive, também relativamente aos operadores que contactam no terreno com esta realidade", sublinha depois de lembrar o pacto para a Justiça de 2006/07 que contou com contribuições de todo o espectro partidário.
Ainda neste tema, ambos convergem na necessidade de continuar a procurar soluções jurídicas para quebrar os chumbos do Tribunal Constitucional acerca da criminalização do enriquecimento ilícito.
As discordâncias surgem quando se começa a falar de propostas para os mais jovens. Exemplos? A proposta do Livre de estudar a criação de uma herança social que atribuiria 5 mil euros à nascença de um cidadão e que poderia, na idade adulta, a utilização desse valor. "O Livre acredita que ninguém é tão pequeno que não possa sonhar em grande", destaca Rui Tavares criando um dos soundbites do debate.
Para o líder da AD, a solução não passa por aqui e lembra as medidas do programa que passam pela taxa máxima de IRS até aos 35 anos, a isenção de IMT e imposto de selo para compra da primeira casa para os jovens e ainda uma garantia pública no valor que não é coberto pelos bancos no crédito à habitação.
E aqui Luís Montenegro aproveita para atacar o PS e ver Rui Tavares a concordar com ele. Questionado pela jornalista se essa medida não seria um risco grande para o Estado, Montenegro aponta que "aquilo que provoca um risco grande é, curiosamente, a proposta que junta o PS e o Chega em que o Estado aparece a dar uma garantia integral de 100% do capital que está a ser solicitado à entidade bancária".
Para o social-democrata, esse é um "duplo erro" porque vai provocar um aumento do preço das casas e tem um custo para o Estado que, "nem um, nem outro dos que propuseram, tem zeros suficientes para poder pagar". Já Rui Tavares concorda que, "uma garantia total, (...) deixaria o Estado com crédito malparado, se ele ocorresse, ou em vias de ter de auxiliar os bancos, como já fizemos e não queremos voltar a fazer". Ainda assim, Tavares também não acredita que a medida do PSD livre o país dessa situação.