Montenegro “não gostou de ver” dezenas de pessoas encostadas à parede no Martim Moniz
O primeiro-ministro admite desconforto, mas garante que não viu nenhum desrespeito pela dignidade das pessoas
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Luís Montenegro continua a confessar-se “atónito” pelas críticas à operação policial no Martim Moniz, mas agora admite que “não gostou de ver” as imagens de dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, revistadas pela polícia. Rejeita fazer uma associação entre criminalidade e imigração, mas deixa avisos.
Em entrevista ao Diário de Notícias, o primeiro-ministro reconhece que foi “uma situação anómala, que não é o dia a dia”. Ainda assim, recorda que já existiram “operações idênticas” e dá o exemplo de “rusgas a discotecas”, em crimes relacionados com a noite.
Montenegro repete que “não é uma imagem positiva, não é uma imagem agradável”, mas garante que “não viu nenhum desrespeito pela dignidade das pessoas”. Rejeita fazer uma “associação entre imigração e insegurança”, considera que os dóis fenómenos não estão interligados, mas também “não quer tapar o sol com a peneira”.
Admite que há criminalidade tanto na comunidade portuguesa, como na imigrante, e daí as recentes operações policiais. O primeiro-ministro dá até o exemplo da Suécia e da Bélgica que “há 10, 15 anos tinham bons índices de segurança e hoje são países com graves problemas de segurança”.
Avisa, por isso, que é preciso “humildade cívica” para entender que “se nada fizermos, as coisas podem mudar, podem descambar”. O Governo ainda não tem dados finais sobre os índices de criminalidade deste ano, mas Montenegro garante que “há indícios de que a criminalidade grave e violenta aumentou”.
Para o primeiro-ministro, esta “não é uma visão securitária, mas uma visão de humildade e de respeito pelos direitos das pessoas”. E pede que se olhe para os imigrantes como “novos portugueses”, também “de forma descomplexada”, lembrando que muitos emigraram à procura de melhores condições de vida.
Avisa, no entanto, que os que procuram Portugal também “têm de querer, têm de se aculturar, têm de se integrar na sociedade de forma permanente” e o Estado deve “dar-lhes condições” para tal, numa altura em que falta mão de obra, por exemplo, na construção civil.