Montenegro “propõe” PRR para a Defesa para “financiamento comum” da despesa militar na UE
Luis Montenegro alerta para ameaças à segurança europeia e defende maior investimento na indústria militar europeia
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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu esta segunda-feira, em Bruxelas, a criação de um instrumento financeiro comum europeu para a Defesa, semelhante ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sublinhando a necessidade de um investimento “prioritário” no setor militar.
"Nós temos uma guerra em território europeu, a nossa defesa e segurança estão ameaçadas em vários domínios. Em Portugal, por exemplo, na área marítima, enfrentamos uma grande ameaça, pois na nossa zona exclusiva passam vários cabos submarinos que ligam as comunicações entre a Europa e o continente americano", afirmou Montenegro.
O chefe do Governo destacou que a despesa militar deve ser apoiada por uma capacidade de financiamento comum a nível europeu. "O Governo português defende um PRR para a área da Defesa, um instrumento comum que pode passar, eventualmente, por dívida conjunta, que possa servir como alicerce para sermos efetivamente consequentes", frisou.
Montenegro indicou que, embora as aquisições possam ser feitas fora da Europa perante uma situação de necessidade imediata, ser crucial desenvolver a indústria europeia de defesa a médio prazo. "Se tivermos necessidades para satisfazer amanhã, no próximo ano, não temos capacidade de criar as indústrias e de produzir os equipamentos. Temos que comprar no mercado. Agora, se ficarmos sempre a olhar para este figurino, não vamos, no futuro, no médio prazo, ter a nossa própria capacidade", alertou.
Reconheceu que ainda não há consenso entre os 27 Estados-membros sobre o modelo de financiamento da despesa militar. "Todos os Estados-membros avançaram com a sua posição, que ainda não é consensual, no sentido de, em primeiro lugar, sermos rápidos e, em segundo lugar, termos os instrumentos para podermos ser rápidos e consequentes, nomeadamente do ponto de vista financeiro", explicou.
Montenegro enfatizou a importância da promoção de uma maior capacidade para o investimento privado e de concretizar objetivos como a União Bancária e um mercado único de capitais. "A Europa não está a utilizar as suas próprias poupanças. A Europa está a investir grande parte do seu capital precisamente noutras geografias, em particular nos Estados Unidos. Isto é um absurdo", criticou.
O primeiro-ministro falava à margem do retiro dos chefes de Estado ou de Governo, onde defendeu a capacidade de endividamento europeu para financiar a despesa militar na União Europeia.