Montenegro vai fazer "avaliação profunda do contexto pessoal e político". Comunica decisão ao país este sábado às 20h00
O chefe do Governo sublinha que não tem "nenhum problema em que sejam revelados os clientes" da Spinumviva. Encoraja, até, as empresas a "tomar essa iniciativa" ou então a "autorizar" essa divulgação: "Espero mesmo que isso possa acontecer nas próximas horas"
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O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou esta sexta-feira que vai fazer "uma avaliação profunda" da sua situação profissional e pessoal, perante as polémicas relacionadas com a sua empresa familiar, e vai comunicar a sua decisão ao país este sábado às 20h00. Além de já ter convocado um Conselho de Ministros extraordinário, deixa a garantia de que só estará a exercer a função de chefe de Governo se "sentir que existe" confiança por parte dos portugueses.
Em declarações aos jornalistas, após o Expresso ter revelado que a empresa familiar de Montenegro recebe uma avença mensal da Solverde no valor de 4500 euros, o primeiro-ministro começa por vincar que não tem "nenhum problema em que sejam revelados os clientes" da Spinumviva. Encoraja, até, as empresas a "tomar essa iniciativa" ou então a "autorizar" essa divulgação: "Espero mesmo que isso possa acontecer nas próximas horas."
Questionado sobre essa avença, confirma apenas que a Spinumviva presta "serviços desde a altura" em que a criou, "a preço normal de mercado", referindo o "know-how especializado" daqueles que lá trabalham.
Garante ainda que enquanto chefe do Governo "nunca" decidiu "nada em conflito de interesses com qualquer atividade profissional".
"Nunca aconteceu e não acontecerá. Se acontecer alguma situação em que da minha intervenção houver alguma colisão com algum interesse particular, eu eximir-me-ei de intervir", assevera.
Montenegro reconhece que esta situação "não agradável e causa apreensão" e revela que fará uma "avaliação profunda de todo o contexto, quer pessoal, quer político". Convocou, por isso, um Conselho de Ministros extraordinário para sábado ao final da tarde e remete uma decisão "sobre estas matérias" para o mesmo dia, às 20h00, que será comunicada ao país. A prioridade, diz, é que o Executivo possa "concentrar toda a sua atenção a servir o interesse do país, resolvendo os seus problemas".
"Tenho uma vida pessoal e profissional absolutamente transparente, dentro daquilo que são as balizas da advocacia e consultadoria", afirma, acrescentando que prestou serviço de assistência jurídica à Solverde numa altura "em que não tinha nenhum cargo político".
Salienta ainda que não é "empresário" e assume estar "exclusivamente dedicado à função de primeiro-ministro". Depois de dar conta que em 30 de junho de 2022 abandonou a atividade de advocacia e "cedeu" a sua cota numa empresa pelo preço nominal, nota que "abdicou de tudo isso" para se dedicar à liderança do PSD, ainda que não altura não tivesse certezas de que seria o nomeado. Questiona, assim, se fará sentido exigir que deixe de ter "vida própria" para assumir as funções de chefe do Governo.
"Eu pergunto se é esse o tipo de políticos que queremos ter. Que não tenham mais nada", interroga.