Montenegro vê "montenegrização" da política. AD e IL não fecham porta a acordo para “estabilidade” no Governo
No debate entre AD e IL, Luís Montenegro afirma que "o caminho concilia-se com a situação nacional e com a situação internacional", enquanto Rui Rocha preferiu apontar aos impostos que, "nomeadamente para estas gerações dos entalados, desceram muito pouco ou nada"
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O debate das direitas opôs esta segunda-feira social-democratas e liberais e as soluções governativas e os impostos impuseram-se na discussão. O presidente do PSD afirmou que tem havido uma "montenegrização" dos partidos políticos, enquanto o líder da Iniciativa Liberal criticou o facto de os impostos "muito pouco ou nada" terem descido para as "gerações de entalados".
"Eu tenho assistido, aliás, a uma grande aproximação de todos os partidos àquelas que são as propostas e à moderação da AD. há uma certa montenegrização do pensamento político dos partidos da oposição. Basta ver aquilo que diziam sobre imigração, aquilo que diziam sobre segurança, aquilo que diziam sobre a economia, sobre política fiscal", disse Luís Montenegro no debate transmitido pela RTP.
Em resposta, Rui Rocha fez uma pergunta: "Sobre todas essas questões dos votos, dos entendimentos, a resposta é a seguinte: a IL tem esse sentido de responsabilidade. Tem o PSD e tem Luís Montenegro a capacidade de estar à altura dessa responsabilidade que a IL demonstrou. Portanto, a pergunta é: está neste momento a AD e Luís Montenegro em condições de garantir essa estabilidade?"
Montenegro atirou que "é a forma de evitar um governo socialista em Portugal".
Da governabilidade, o debate saltou para a fiscalidade e aí Luís Montenegro teceu críticas ao presidente da Iniciativa Liberal.
"O Rui Rocha está a falhar ao liberalismo e eu tenho que denunciar isso aqui. Era bom que um partido liberal enfatizasse a circunstância de, no ano passado, a carga fiscal dos impostos tivesse diminuído. Mas era bom ainda mais que um partido que se diz liberal, e é liberal, pudesse ter-se congratulado e votado favoravelmente o primeiro Orçamento de que há memória que não aumentou um único imposto", considerou o líder social-democrata.
Rui Rocha, por sua vez, preferiu forcar-se naqueles a quem chamou "gerações de entalados", ou seja, os maiores de 35 anos: "É evidente que ter uma retenção na fonte mais baixa é bom para as pessoas. É melhor que o dinheiro esteja no bolso das pessoas, do que esteja no Estado. O problema é que as pessoas agora, quando fazem a declaração e a liquidação final, percebem que os impostos, nomeadamente para estas gerações dos entalados, são impostos que desceram muito pouco ou nada. E essa é a preocupação da Iniciativa Liberal, é dar resposta por via da racionalização do Estado."
A saúde também entrou no debate, com Luís Montenegro, ao contrário daquilo em que acredita Rui Rocha, a garantir que o Serviço Nacional de Saúde é o centro do sistema, mas, questionado sobre a continuidade de Ana Paula Martins no Governo, soltou apenas um "logo se vê". Já sobre um eventual regresso de défice, o líder da coligação preferiu afastar fantasmas.
"O nosso caminho concilia-se com a situação nacional e com a situação internacional. A situação internacional já esteve conturbada no ano de 2024. Já havia guerra na Ucrânia, já havia conflito no Médio Oriente, já havia alguma tensão com aquilo que podia acontecer e veio depois a consumar-se na eleição presidencial nos Estados Unidos da América. Portanto, nós estamos cientes da exigência da situação, mas confiamos na economia portuguesa, confiamos nos empresários portugueses, confiamos no nosso trabalho de base", argumentou.