Sobre a entrada da Santa Casa no Montepio, Carlos César disse, nos "Almoços Grátis" da TSF, que a misericórdia pode fazer um bom negócio, mas não deve assumir a posição de serviçal do Estado.
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Carlos César afirmou que a Santa Casa da Misericórdia não pode ser uma "serviçal dos interesses do Estado", em relação à entrada da instituição social no capital do Montepio. No espaço de debate da TSF "Almoços Grátis", o presidente do PS afirmou que é esperado que a Santa Casa da Misericórdia faça um "bom negócio".
"A Santa Casa da Misericórdia pode e deve fazer um bom negócio. Não pode, evidentemente, confinar-se a uma posição serviçal do interesse do Estado", declarou o socialista.
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O líder parlamentar do PS lembrou, no entanto, que "a presença de instituições como as misericórdias no setor financeiro está longe de ser novidade" em Portugal, apontando o exemplo do atual Novo Banco, nos Açores, que "é resultado de uma fusão com uma instituição financeira da Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada".
Carlos César afirmou ainda que o Montepio é "o último dos casos das desgraças que este Governo recebeu" do anterior executivo PSD/CDS-PP, na área do setor bancário e sublinhou que o regulador está a acompanhar todos os passos dados.
Por sua vez, Luís Montenegro expressou a importância de ouvir a opinião do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre o tema, afirmando a relevância da matéria em termos financeiros e sociais.
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"Noutras ocasiões, [o Presidente da República] tem sido solícito em dar o seu contributo para a estabilização do setor financeiro", constatou o antigo líder parlamentar do PSD, "uma vez que se cruzam aqui duas áreas a que ele atribui particular importância, como é a área financeira mas também a área social (...), poderá ser um tema onde seja interessante o país poder ouvir o seu mais alto magistrado".
Pelo contrário, Carlos César elogiou a "contenção" de Marcelo Rebelo de Sousa, aproveitando para lançar farpas ao antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
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"É importante que o Sr. Presidente da República tenha a contenção que outros presidentes da República, no passado, não tiveram quando falaram de instituições bancárias e induziram os portugueses a confiar em produtos e em instituições nas quais não tinham razão para confiar", atirou o líder parlamentar socialista.
Apesar de não querer comprometer-se com uma posição, o social-democrata Luís Montenegro afirma que o sistema financeiro "não é o melhor local para uma instituição social alocar os seus recursos", especialmente tendo em conta o "historial" dos últimos anos.
"Se me perguntassem hoje [se a Santa Casa devia entrar no Montepio], inclinava-me a dizer que não", referiu, sublinhando que o Montepio deveria procurar "outras alternativas", outras entidades que possam capitalizar o banco.
"Não gostaria que o dinheiro da Santa Casa pudesse ser esbanjado no sistema financeiro", declarou Luís Montenegro.